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Charlotte Higgins, a jornalista do The Guardian que escreveu o artigo sobre as cinzas deixadas nos jardins de Chawton, nos dois últimos parágrafos de seu artigo comentou sobre o culto a Jane Austen, achando inacreditável que em um mundo pós-feminista ainda houvesse quem adorasse Jane como provedora de românticos finais felizes e não como a acre satirista social como ela mereceria ser vista e pergunta-se:

(Does anyone actually believe her, by the way, when she foretells a happy marriage for Darcey and Elizabeth? I fear a woman as interesting as Elizabeth would be sorely disappointed with this standard-issue British Repressed Public-school Man – hopeless emotionally, and probably hopeless in bed.)

(A propósito, será que alguém realmente acredita quando ela anuncia um casamento feliz para Darcy [Darcey?] e Elizabeth? Eu temo que uma mulher tão interessante como Elizabeth ficaria grandemente desapontada com este homem britânico padrão, oriundo de escolas particulares e reprimido – emocionalmente um desastre, e provavelmente o mesmo na cama.)

Ah! Charlotte dear (by Mags, AustenBlog)… ainda bem que o mundo é pós-feminista! Não tem coisa mais chata que “istas” de plantão querendo nos impor suas verdades, não é mesmo? E que mal lhe pergunte, o que há de errado em ser feliz – no casamento ou qualquer relacionamento? Na minha modesta opinião basta não insistir em casar com o sr. Firth ou o sr. MacFadyen que já são casados. Bem, eu não conheço intimamente nenhum britânico padrão mas fiquei deveras preocupada com o ensino particular na Inglaterra que torna os ingleses emocionalmente um caco e imprestáveis na cama…

PS1: Mulheres interessantes não são infalíveis – se desapontam como qualquer outra – só não ficam chorando as mágoas ou cozinhando seus ressentimentos.

PS2: A maioria das fãs de Jane Austen (não me refiro a fãs unicamente de filmes baseados na obra de Jane),  que tenho conhecido não me parecem nada românticas e apreciam muito a crítica ácida da autora.

PS3: Para quem sabe inglês o post da Mags no AustenBlog sobre esse assunto está ótimo:This kind of thing is why people think Janeites are weird. [Por esse tipo de coisa é que as pessoas pensam que as Janeites são esquisitas]

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13 comentários

  1. Deve ser por isso que a minha vida sentimental é um desastre. Eu sou interessante demais para ser feliz com um mero mortal. rs.

  2. Faço minhas as palavras da Gizelli. alias hoje vim no carro comentando isso com uma amiga…. Acho que eu não casaria com sr. Firth ou o sr. MacFadye (além deles já serem casados) esperando encontrar o Darcy… mas sim por eles serem lindos e elegantes demais… já gostava do sr. Firth antes de saber que ele tinha sido uma Darcy… alias ele foi por duas vezes o Sr Darcy… na Serie de 1995 e no filme O Diario de Bridget Jones onde o personagem tbm foi inspirado no de Jane Austen.

  3. Não é por nada, mas pelo que lemos nos livros de história, o sexo entre casados naquela época era mesmo uma porcaria. Não estranharia se o sr. Darcy fosse ruim de cama com Elizabeth, hehehe.

    Mas não é por isso que lemos os romances da Jane Austen. Qualquer adulto letrado e com uma cultura moderada sabe identificar muito bem a sátira no texto da Jane Austen. Essa jornalista acha, por acaso, que só ela teve a iluminação divina para perceber isso? Pfffff….

  4. Gizelli
    Bingo!

    Ana Paula
    é o que sempre digo: não nos classifiquem!

    Elaine
    Certamente era ruim, mas não por culpa única e exclusivamente do homem, como colocou a jornalista, mas sim por todos terem grandes preconceitos com sexo na época.

  5. querida, desculpe usar aqui esse post para um comentário meio off-topic.
    ontem eu ia te escrever para contar que saiu ou está para sair uma nova tradução do sense and sensibility: o tradutor existe, é de verdade, é bom e bastante conhecido, roberto leal ferreira. não vi o livro, só vi a menção na fundação biblioteca nacional, quando estava pesquisando os machados de assis traduzidos pelos pietros nassettis da vida.
    só que é pela claret – eu estava quase acreditando nas boas intenções do pepino torcido desde pequenino, mas depois fiquei tão chateada com o fato de manterem a edição de plágio e a nova edição simultaneamente à venda (do discurso do método e do elogio da loucura) que fiquei esbravejando lá no meu blog e aí ficou tarde para te escrever. mas é isso, e mantiveram o título “razão e sensibilidade”.
    CADASTRO DO ISBN: RAZÃO E SENSIBILIDADE
    AUTOR: JANE AUSTEN
    TRADUTOR: ROBERTO LEAL FERREIRA
    Nº DE EDIÇÃO: 1
    ANO DE EDIÇÃO: 2008
    LOCAL DE EDIÇÃO: SÃO PAULO
    TIPO DE SUPORTE: PAPEL
    PÁGINAS: 304
    EDITORA: MARTIN CLARET

    pessoalmente, raquel, que título vc daria em português para sense and sensibility? acho tão bonito em inglês!

    bj
    denise

  6. Acho que independente de ser uma mulher moderna, toda mulher quer encontrar alguém especial e vamos combinar uma coisa, uma pitada de romantismo não faz mal a ninguém. Mesmo com toda essa praticidade da vida moderna, um gesto, uma palavra, torna tudo mais agradável. Quanto ao fato do sexo, concordo contigo Raquel, acho que seria pelo preconceito da época, porque do jeito que ele amava a Elizabeth, não creio que seria um homem reprimido entre quatro paredes, a não ser que fosse por tal preconceito, coisa que eu acho que com o tempo, a intimidade entre os dois pudesse ir colocando esses tabus por agua abaixo.

  7. Acho que todo mundo que lê este blog não fica apenas divagando sobre relacionamentos com Darcys, Wentworths e por aí afora. Jane Austen é muito mais do que isso, e é por isso que nós a amamos. Se não fosse esse fato suas obras jamais teriam sobrevivido durante tantos anos. Com relação à educação britânica: segundo o pouco que sei sobre o assunto (aprendido durante as aulas na Cultura Inglesa) as mais tradicionais escolas masculinas, como Eton (onde os príncipes William e Harr estudaram), são um pouco problemáticas. Principalmente por serem de um único sexo, mas também são internatos, então os rapazes passam a puberdade num meio complicado, com muito bullying e coisas no gênero. Pelo que entendi me pareceu um pouco o esquema que o Raul Pompéia descreve n”O Ateneu”. Na época de Jane todos os colégios eram assim, diferentemente de nossos dias, onde já existem colégios mistos com um esquema diferente de ensino.

  8. Bem, não vejo Austen como uma mulher romantica à moda antiga, nem um tanto vivendo na ilusão, mas pelo pouco que a conheço, acredito que ela teve que romper barreiras e preconceitos e sim uma mulher muito realista para a época. Acredito que a figura de Mr. Darcy refletia sim o desejo feminino da escritora, mas que por hora para criar um homem crítico, muitas vezes seco, muitas vezes objetivo e racional era sim um homem verdadeiro e não apenas um reflexo bobo de perfeição.
    Desapontada?! Não ela não ficaria desapontada..ela não era nada bobinha!!! Ele era um ser normal, afinal ele não chegou num cavalo branco! Melhor que isso!? Só Sir Lefroy!

  9. Dre,
    seja bem-vinda ao Jane Austen em português! Concordo, Jane não era uma romântica.

  10. Denise,
    obrigada pela informação! Vou fazer um post sobre este assunto com as tuas informações, certo?

  11. Vanessa,
    tens toda a razão, são os pequenos detalhes que fazem durar um relacionamento.

  12. Luciana
    eu sei apenas o que as pessoas comentam – e muitas pessoas visitam sem comentar então não posso afirmar – mas voltando aos que comentam percebo que não são românticos ao extremo e talvez, por isso mesmo, são admiradoras (es) de Miss Austen!

  13. Denise,
    sobre o título Sense & Sensibility (lindo em inglês) – quando uso a razão concordo com o título Razão e sentimento, do Ivo Barroso, quando uso os sentimentos viro Marianne, não consigo achar uma boa solução!

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