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Uma cena de “Razão e Sensibilidade” (1995)
por José Afonso Júnior

Na primeira vez em que tive oportunidade de assistir ao filme “Razão e Sensibilidade” (1995), logo percebi que minha enorme ansiedade em conferir tal produção havia sido totalmente recompensada e justificada. Acho que posso dizer que esta é uma das melhores adaptações cinematográficas de uma obra literária que já assisti.  Uma cena em particular me marcou bastante, por sua forte carga de emoção. O momento em que, na mansão dos Palmer em Cleveland, Elinor encontra-se em profunda tristeza e desespero pelo grave estado de saúde de Marianne, não poderia ter sido retratado de forma mais emocionante e sensível.

Confesso que fiquei com um nó na garganta, como poucas vezes havia ficado ao assistir um filme. Imaginar a dor e o sofrimento que uma possível perda da queridíssima irmã causaria em Elinor não deve ser uma tarefa difícil para quem leu o romance, visto o amor e o sentimento profundos que ela nutria por Marianne. E olha que eu sabia o desenrolar da história… Mesmo assim a emoção falou mais alto. Emma Thompson está impecável em toda a adaptação, mas nesta cena em especial – em minha opinião – ela mostra definitivamente o que é a genuína arte da interpretação.

P.S.: O único detalhe que me desagrada um pouco no filme é o fato de terem excluído Lady Middleton e seus “quatro filhos barulhentos”. Estava curioso para ver como eles retratariam as travessuras da prole e o tratamento da mãe com seus filhos.

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12 comentários

  1. Olá,

    A sequência de cenas da doença da Marianne são realmente das melhores. Emma Thompson esteve maravilhosa.

    Acho que Miss Steele, irmã de Lucy Steele, também fez falta nesta adaptação.

    Beijo grande,

    Cátia

    1. Catia,

      gosto tanto desta adaptação que às vezes esqueço das modificações, como por exemplo a falta de Nancy Steel, Lady Middleton e suas insuportaveis crianças!

  2. Também acho que Kate Winslet está ótima nessa adaptação. Aquela sequência em que ela percorre a propriedade dos Palmer, abatida e triste, é muito bem feita.

    No último fim de semana, assisti a adaptação de 2008 e vi que também não deram quase nenhum espaço à Lady Middleton e seus filhos. Em compensação, ri bastante com Nancy Steel. Daisy Haggard conseguiu interpretá-la de maneira muito engraçada, assim como eu imaginava ao ler o livro.

    Obrigado, Raquel!

    1. Júnior,

      Kate está muito bem, me atrevo a dizer, em todo o filme. As produções mais antigas foram mais generosas com Lady Middleton e a Lucy Steel de 1971 está impagável. Este ano comentarei essa versão mais antiga.

  3. Descobri Jane Austen assistindo Razão e Sensibilidade numa madrugada de insônia (sessão Corujão). Na época meu coração estava partido e o filme foi um grande conforto para mim, depois deste dia, não descansei até conseguir todas as obras de Jane, que conclui o ano passado c/ Mansfield Park (tradução Rachel de Queiroz).
    bjs

    1. Cleide,

      Jane é sempre um grande conforto. Não pelas palavras amáveis, mas pelas pequenas verdades ditas com elegância!

  4. Tenho um enorme carinho pelo filme, mas, me apaixonei pela série. Essa não dá o “nó na garganta” que também senti com o filme, mas é tão emocionante e lindo…

  5. Raquel,
    Muito bom o post do José. Concordo plenamente, Emma Thompson está impecável nessa adaptação. Fiquei ainda mais admirada com ela quando soube que também foi autora do roteiro do filme. Quanto talento!

    Essa adaptação é excelente e a sequência de cenas da doença de Marianne também me emocionou tremendamente, como poucos filmes o fizeram. A atuação da Emma Thompson é tão verdadeira e sincera…
    Kate Winslet também dá um show no filme!

    1. Sofia,

      a adaptação de 1995 é considerada uma das melhores de Razão e sensibilidade.

  6. Nossa, adorei isto que vc disse, Raquel: “Jane é sempre um grande conforto. Não pelas palavras amáveis, mas pelas pequenas verdades ditas com elegância!” Essas verdades ditas de forma elegante fazem tanta falta no dia-a-dia…

    José, eu tb me comovi com esta cena. Não tenho irmã, mas a amizade delas é tão bonita, que contagia. Tem uma parte do livro que me empolgou bastante quando a li. Até copiei. É no capítulo XII. As irmãs estão com a Fanny e a senhora Ferrars (além de outros), e essas duas começam a dar indiretinhas para rebaixar a Elinor. (Elas começam a elogiar a senhorita Morton, moça que a senhora Ferrars sonha para o filho, Edward). Marianne, apesar de ainda fragilizada por ter tomado conhecimento do caráter de Willoughby, percebe essas indiretas e fica indignada. Acaba dando uma estocada nas duas chatas. Eis o trecho:
    “Marianne não pôde suportar isso. Já se encontrava bastante aborrecida com a senhora Ferrars e o exagerado elogio feito à outra moça à custa de Elinor, se bem que ela não tivesse a menor noção de por que aquilo tudo estava acontecendo, levou-a a dizer com calor:
    – Essa admiração da senhora é muito particular! Quem é a senhorita Morton para nós? Quem a conhece, quem se importa com ela?
    (…)
    A senhora Ferrars pareceu ficar muito zangada e erguendo-se mais majestosamente do que nunca, informou, com ácida superioridade:
    -A senhora Morton é filha de lorde Morton.
    Fanny também demonstrava-se irada e seu marido ainda estava paralisado com o choque causado pela audácia de sua irmã. Elinor sentia-se mais angustiada pela defesa calorosa de Marianne do que pelo fato que a provocara; mas os olhos do coronel Brandon, que se mantinham fixos em Marianne, declaravam que ele notara apenas o que havia de amoroso na atitude dela e vira apenas seu afetuoso coração que não tolerava que espezinhassem sua irmã, um mínimo que fosse.(…)” (tradução de Therezinha Monteiro Deutsch, ed. Best Seller)

    Abraços,
    Rebeca

    1. Rebeca,

      e a pobre Elinor, sempre saia mortificada, mesmo quando a defendiam! Nem me fale no dia-a-dia…

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