A primeira tradução de Orgulho e preconceito no Brasil foi também a primeira edição de Jane Austen no país. A tradução feita por Lúcio Cardoso foi publicada em novembro de 1940 pela editora José Olympio na coleção “Fogos Cruzados”.
Informações sobre primeiras edições brasileiras, não só de Jane Austen mas também de outros autores, são escassas e por esse motivo vou contar história da publicação de Orgulho e preconceito no Brasil baseada unicamente no meu exemplar do livro, do mesmo modo que fiz com primeira tradução de Razão e sentimento.
Comecemos pela capa do meu exemplar: é uma brochura simples em papel cartolina sem ilustrações. O destaque fica por conta do uso da tipografia dando destaque para a palavra “Orgulho”. Mary Bennet certamente faria algumas digressões sobre este detalhe!
Constam também na primeira capa o título em inglês e o nome do tradutor, uma boa prática que parece que timidamente está voltando ao mercado editorial.
Na quarta capa tem a propaganda dos livros iniciais da coleção Fogos Cruzados, onde consta um “ Juízo e sensibilidade” de Jane Austen mas sem mencionar o tradutor.
A tradução de Sense and Sensibility, feita por Dinah Silveira de Queiroz foi publicada na coleção em 1944 com o título de Razão e sentimento. Terão inventado um título só para anunciar? Ou será que trocaram de tradutor e tem algum manuscrito inacabado por aí?
Dúvidas deliciosas para quem gosta de colecionar livros!
Acredito que descobri o motivo do destaque da palavra “Orgulho”: está escrito na primeira orelha, “Este romance foi filmado pela Metro-Goldwyn-Mayer e será apresentado no Brasil com o título de “ORGULHO”.
O frontispício do livro, enfeitado com arabescos, além do título, autor, tradutor e numeração da coleção tem o ano de publicação, 1940. Na página oposta lista as obras de pessoais de Lúcio Cardoso.
No meu exemplar consta, em caligrafia miúda e caprichada, o nome da proprietária original, sua cidade original e a data da aquisição: Aida Corrêa Franco, Pelotas, 4-2-941.
Na última página temos o colofão com as informações da gráfica Eugenio Cupolo de São Paulo que imprimiu o livro em novembro de 1940 para a José Olympio sediada no Rio de Janeiro.
A nota do tradutor, que merece um post a parte, e faz parte de quase todas as publicações atuais da tradução de Lúcio Cardoso, tem um detalhe diferente nesta primeira edição de Orgulho e preconceito: uma nota de rodapé sobre Sense and Sensibility, mencionando novamente Juízo e Sensibilidade.
Na página oposta o nome do capista, Raul Brito, que tem vários trabalhos para a editora.
Todos os posts sobre A história de Orgulho e preconceito.
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- Sobre a José Olympio no acervo online da Veja e na Wikipédia.
- Biografia de Lúcio Cardoso na Casa Rui Barbosa
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Deve ser maravilhoso manusear esse exemplar. Adoro quando compro livros que vêm com dedicatórias ou o nome de seus donos. Fico “viajando”, pensando em como essas pessoas reagiram ao livro, o que pensaram da história etc. É um tesouro o que você tem aí, Raquel!
E “Juízo e Sensibilidade”? Estranhíssimo!
Elaine,
um tesouro, mesmo! Também gosto de dedicatórias. Você leu estes posts que escrevi:Jane Austen no metrô e Ingrata!
Pois é, esse título… fico imaginando se por acaso foi rejeitado pelo editorial, ou talvez o contrário.
Raquel, that is amazing.I notice it says 1940 in pencil.
I apologise for not speaking to you for a while. How are you?
Spring is on it’s way here.
Love and best wishes, from Tony
Tony,
yes, the first Jane Austen’s translation in Brazil was in 1940.
I am very busy here too, and apologise back! I am with a lot of work, but I am fine. And you, dear friend?
Spring for you and Fall for me. I do love Autumn.
A tradução de Lúcio Cardoso é a única que li até hoje. Essa edição aparentemente é tão modesta, mas é de um valor tão significativo.
Também gosto quando constam assinaturas nos livros usados que compro, mas ainda não encontrei algo muito diferente do habitual: só a assinatura e a data mesmo. Dedicatória até agora nenhuma, o que é uma pena.
P.S.: Essa descrição tão entusiasmada de “Fuga” na quarta capa me deixou até com vontade de ler o livro.
Júnior,
certamente lerás outras traduções!
Tenho a Fuga aqui em casa. Dei para minha mãe mas ela não gostou. Pretendo fazer umas fotos comparativas e depois ler, ou pelo menos , dar uma passada de olhos.
Finalmente consigo ver uma capa da Coleção Fogos Cruzados!
Ainda tenho esperanças de achar a capa original do meu Mansfield Park!!! Rs!
Viviane,
a gente nunca perde a esperança. Vai achar sim!
Gente, que post LINDO! Você deve ter muitas versões dos livros dela 😀
Eu adoro seu site, sério. E não resisti, comprei Novelas Inacabadas haha
Parabéns, muito bom esse texto.
Beijos
Helena,
fico muito contente que você tenha gostado do meu blog. Não resistiu então! Espero que goste das novelas,
uma abraço, raquel
Olá, rudo bem?
Primeiramente, adorei o texto, muito curioso e informativo.
Gostaria de saber onde você comprou tal edição? Conhece algum sebo ou vendedor que talvez a possua?
Grato
Olá, Ian!
Fico contente em saber que gostou do meu texto. Eu não tenho certeza pois já passaram dez anos da compra, mas creio que foi na Estante Virtual, e nunca mais encontrei outro exemplar dessa edição. Às vezes a gente encontra visitando sebos. Boa sorte na sua procura!
Raquel
Aonde posso comprar?
Jéssica,
essa edição é uma raridade. Mas você pode pesquisar na Estante Virtual talvez encontre.