A Portrait of Jane Austen, escrito por David Cecil, foi publicado pela primeira vez pela Constable em 1978.  No prefácio o autor explica que o livro não é exatamente uma narrativa biográfica convencional nem um estudo de Jane como autora, e sim uma tentativa de descrever sua vívida personalidade em conjunto com sua arte, tudo a partir de suas cartas, romances e memórias de outras pessoas que a conheceram. O livro é mais um retrato do que uma biografia como ele, o autor, resume muito bem nesta frase:

She remains for me – as no doubt she would have wished – not a intimate but an acquaintance.

Ela permanece para mim – sem dúvida como ela teria desejado – sem intimidade, apenas uma conhecida.

O prólogo do livro dá uma boa descrição do mundo no qual vivia Jane Austen e sua família. Eles pertenciam a classe social logo abaixo da nobreza – os gentry – pessoas de boa família e boa educação, raramente ricos mas com condições financeiras razoáveis e que há muito tempo faziam parte da classe dominante da Inglaterra junto com os nobres e eram tratados com o devido respeito.

Outro dado importante mencionado por Lord Cecil são algum dos valores daquele século, realismo e bom senso que permeiam a obra de Jane:

For example, it realized that man had his carnal passions, though he should learn to control them; also, even if it were wrong to sacrifice principle for money or for social position, it was foolish to pretend that these things were undesirable. To refuse to recognize this would show a lack of good sense. “Good sense” was for them a phrase of the highest commendation.

Por exemplo, era sabido que o homem tem suas paixões carnais, não obstante ele deveria aprender a controlá-las; também, mesmo sendo errado sacrificar princípios por dinheiro ou por posições sociais, era tolice fingir que essas coisas não eram desejáveis. Recusar-se a reconhecer isto demonstraria falta de bom senso. “Bom senso” era para eles uma expressão da mais alta recomendação.

Recomendo, para quem lê em inglês, este retrato-biografia. Pareceu-me escrito com bom senso e realismo!

  • Desconheço tradução para o português. O meu exemplar é uma edição da Penguin de 1986. Comprei pelo Estante Virtual que reune vários sebos em um só endereço na internet e que é uma verdadeira tentação! Mais adiante farei um post somente sobre esse site.

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4 comentários

  1. Encontrei uma edição dessa obra em Francês, na Amazon francesa. A tradução do título é literal: “Un portrait de Jane Austen”. O preço é camarada: 19 euros, mas considerando a cotação euro/real e o valor do frete (14,00 euros para mim, que moro em São Paulo/SP), o resultado final seria 99,38 reais.

    Mas vale sempre a pena consultar livrarias como a Cultura e a Francesa. Algumas vezes, encomendando por seu intermédio (elas prestam este serviço) o valor sai um pouquinho mais baixo.

  2. Hernandez,
    outra opção: um amigo em Paris. Acredito que enviaria como carta registrada. Esse livro não é tão grande nem tão pesado que não possa ser despachado nessa modalidade.

  3. Comprei o livro, afinal. Estou ainda na leitura, mas já deu para perceber duas coisas. A primeira é que se trata de uma biografia bastante “impressionista”, já que o material à disposição do biógrafo não era lá muito farto. A segunda é que o sujeito é realmente um erudito e profundo conhecedor da Regência georgiana, o que ajuda bastante.

    Por fim, a edição francesa é bastante bem cuidada. Vale a pena, pelo menos para quem brinca um pouco com o Francês.

    1. Hernandez,
      que bom que você achou e está se divertindo com o francês!

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