Hoje temos um enquete: pedimos sua opinião sobre Emma Woodhouse.
Jane Austen disse sobre Emma: “eu estou construindo uma heroína que ninguém além de mim mesmo irá gostar muito”. Me parece Jane estava certa pois conheço muita gente que não simpatiza muito com Miss Woodhouse, eu por exemplo… Outros tantos adoram.
Não precisamos concordar com todo mundo, pois como disse a própria heroína, “a metade do mundo não pode compreender os prazeres da outra”, na tradução de Ivo Barroso, que aliás, é grande admirador de Emma.
Se você não leu o livro mas viu algum dos filmes ou minissérie, também vale pois todos que assisti mantém a essência de Emma.
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Imatura, extremamente mimada e egocêntrica, mas também segura, forte e com um enorme coração. AMO Emma Woodhouse. Seus defeitos a tornam uma das mais – senão a mais – humanas heroínas de Jane.
Eduarda,
mimada, concordo.
O livro que menos gostei de Jane, me decepcionou bastante porque Emma é tudo que ela criticou nos outros livros. Chata, esnobe, infantil, larguei o livro por um tempo e só voltei a ler porque queria vê-la decepcionada por não ser correspondida. Por mim, ela ficaria sozinha.
Gabriele,
e você já leu todo o livro?
Eu adoro Emma. Mulher mais atual impossível!
Jaqueline,
fiquei curiosa para saber em que aspecto você acha Emma uma mulher atual. Você poderia nos contar?
Terminei de ler “Emma” semana passada! Devo dizer que me apaixonei pelo livro. Já havia lido os demais e agora só falta “Mansfield Park” pra terminar todos os romances da Jane. De todas as heroínas, achei Emma a mais diferente e original, talvez a mais próxima de uma garota de sua idade, pelo menos para a nossa época, o que torna o livro deliciosamente atual. O romance também é o mais diferente no sentido de que poucas coisas acontecem, e Jane Austen consegue pintar com maestria os modos da sociedade de seu tempo. As cenas de conversação nos salões e ao ar livre são deliciosas, e pude relacionar os personagens com várias pessoas da vida real – acredito que Jane jocosamente também o fazia. Emma é voluntariosa, espirituosa, autossuficiente, por vezes despeitada, mimada e preconceituosa, mas tem um bom coração e uma sinceridade que é capaz de fazê-la expor sua opinião e depois se arrepender, refletir e crescer. Claro que com a ajuda do “seu grilo falante”, sua consciência, Mr Knightley, sempre presente e responsável pelas cenas mais deliciosas em seus francos diálogos com Emma. Todos os personagens são cativantes e lá pelas tantas do livro já pouco importava o que fosse acontecer, a gente é capaz de se divertir num encontro entre eles e sua interação. Torcemos por sua felicidade e até os julgamos, tornando-nos um pouco como Emma. Dá pra entender o que Jane Austen falou sobre provavelmente só ela gostar de Emma, mas preciso discordar, pois mais uma vez ela conseguiu me surpreender pela diversidade de sua escrita, o cuidado no traçado da narrativa e o desenho dos personagens. Ao fim da leitura não tem como não amá-los como se fossem grandes amigos que nos acompanharam durante algum tempo. 😊
Lourival,
adorei seu chiste, “grilo falante” para Mr. Knightley foi ótimo!
Emma é divertidíssima. É uma heroína mais próxima dos mortais, que mete os pés pelas mãos, é egoísta acreditando que não é, lê os sinais errados enquanto acredita estar fazendo tudo certo. Coisas que muita gente faz numa fase ou outra da vida. E o mais legal é que ela não faz por mal, ela é realmente sem noção (clueless, melhor título pra ela!). Tanto que, quando ela percebe os erros, ela vai mudando e chegando ao amadurecimento, mesmo que de forma lenta. Mas ela chega lá! Entendo quem não gosta, mas eu nunca tive essa antipatia por ela.
Thaís,
também acho que “clueless” ou “sem-noção” é a melhor definição dessa criatura!
Sinceramente não gosto muito de Emma. É o livro de Jane Austen que menos gosto. O que menos li.
Ontem estava justamente assistindo a minissérie Emma da BBC. Quase não vou até o fim.
Acho Emma sem muita função no mundo das mulheres criadas por Jane Austen.
Ela para mim não passa de uma menina mimada, caprichosa e dramática.
Sorte dela existir um Mr. Knightley.
Magda,
como você deve ter lido tem várias opiniões aqui e uma delas é que Emma é atual. Podemos ver pelos dois lados.
Eu adoro Emma! a história, a criancice, Mr. knightley… Acho o livro super divertido. Amo toda a obra de Jane Austen, mas Emma está na minha lista de favoritos!
Carin,
de fato, Emma é bem criançola apesar de se achar muito inteligente!
Embora Orgulho e Preconceito seja meu livro favorito da Jane, a heroína de que mais gosto é Emma; embora todas as outras protagonistas sejam muito bem construídas, Miss Woodhouse soa ainda mais como uma pessoa de verdade, irritante, com muitas falhas, envolvida no seu próprio mundo. Também me agrada a forma como, mesmo equivocada, ela ativamente tenta causar um efeito nas pessoas ao seu redor; Emma é uma personagem que não apenas reage ao que acontece, mas é a força motriz destes acontecimentos, para bem ou mal. Também há nela uma certa energia, um senso de constante atividade, mobilidade, que parece muito diferente de heroínas mais tradicionais de romances da mesma época. Além disso, a relação de igual para igual que ela tem com Mr. Knightley desde o início do livro, e a forma como reage à descoberta de seus sentimentos por ele é simplesmente adorável, e soa incrivelmente genuína. Enfim, apesar do que nossa Jane disse, ela definitivamente não era a única a gostar de Emma (embora conheça mais pessoas que confirmam sua afirmação do que a negam)…
Sabrina,
que fato interessante, este da constante atividade e mobilidade da personagem!
Também sou dessas que tem Emma Woodhouse como personagem favorita (apesar de gostar muuuito da Elizabeth e da Elinor). Eu entendo o motivo de muitos não gostarem (assim como a Austen também parecia entender), Emma realmente é egoísta em muitos momentos, mimada e todas essas coisas que já disseram nos comentários anteriores. Mas, como também já foi dito, esses defeitos acabam tornando a personagem mais real (sem contar que muitas deles estão ali para serem utilizadas no lado humorístico do romance). Não acho que isso seja um aspecto só da Emma, porque acredito que Elizabeth, por exemplo, tem uns defeitos que acabam também a tornando mais humana (mas é engraçado, porque sempre vejo as pessoas apontarem só os defeitos da Emma). A maioria dos defeitos da Emma veem dos seus privilégios, da forma que foi criada e como todos sempre a trataram, então não teria como a construção dessa personagem ser diferente, mas seu desenvolvimento é bastante interessante. Tudo bem, Emma não termina o livro sendo perfeita e livre de seus defeitos, mas quem na vida é assim? No entanto, ela aprendeu muito com os erros que cometeu e aprendeu a dar ouvido aos conselhos de seus amigos, o que já é uma lição bastante valiosa. O que mais admiro na Emma como personagem é, na verdade, sua independência. Embora outras personagens de Jane Austen tenham traços dessa independência, eu acho que isso só é totalmente concreto com a Emma, principalmente pela sua situação financeira. Como diria Virginia Woolf, uma mulher só conseguiria ser totalmente livre com uns trocados no bolso e um teto todo seu, e é exatamente isso o que Emma tem. Diferente de outras personagens da autora, Emma tem dinheiro e não precisa de um casamento para salvar a família ou algo do tipo; ela é dona de seu próprio lar e admite que só se casaria se realmente se apaixonasse por alguém. Gosto bastante desse traço da personagem. Bem, isso já ficou grande demais, então vou parar por aqui.
Solaine,
a independência financeira continua até os dias de hoje, Austen continua atual até nisso!
Não minha opinião Emma é, talvez, a mais atemporal das personagens criadas pela autora. Como disse o Lourival, ela é a que mais se parece ao que conhecemos de uma garota da sua idade.
E até por isso, por mais inusitado que seja, para mim a versão cinematográfica que melhor traduz essa obra é justamente As Patricinhas de Beverly Hills, ou Clueless no original, como também citado nos comentários: um ótimo termo para definir a personalidade da Emma.
Não costumo gostar de versões modernas de obras de época, mas esse filme é encantador, além de muito engraçado.
Eu enxergo a Emma exatamente como retratada pela Alicia Silverstone no filme: uma garota de coração enorme mas que por ter sido criada num lar abastado e, apesar do pai ser quase um humanista no que diz respeito ao tratamento que dá àqueles que classes inferiores, ela não tem a menor noção de como é a vida fora do seu mundinho.
No filme, apesar de bem intencionadas, acabam sendo hilárias as tentativas dela de ser solidária (como doar roupas de marca e caviar aos pobres, por exemplo) e ao mesmo tempo comovente como ela toma para si a dor do outro, mesmo sem a compreender completamente. Nem deu para perceber que gosto muito desse filme, rs
Mas voltando à essência da personagem, embora possa ser um pouco irritante ver o tanto de confusões que ela cria por julgar o outro por si mesma (aliás um grande erro da humanidade como um todo), é o tipo de jornada que é gratificante de acompanhar e acho que, finalmente respondendo à sua pergunta: gosto muito da Emma, mas especialmente daquela que ela se torna no final.
Gi,
eu havia esquecido do caviar em Clueless! De fato, muita gente que vejo discursar sobre o que os outros devem faze não tem a mínima idéia da vida dos outros.
Basicamente aquela pessoa meio sem noção, porém com um bom coração. “Desconectada” das diversas facetas da realidade, bastante unilateral na sua visão de mundo, mas que ainda assim acredita e faz algo para melhorar uma situação. Ou seja, inocente no sentido mais literal , assim como uma criança que ainda não consegue discernir a pluralidade dos fatos.
Ainda sim, divertidíssima!
Pollyanna,
“desconectada” é a palavra certa. Conheço algumas, cheias de boas intenções mas não fazem a menor ideia da vida real, pois tem uma vida confortável e organizada.
Gosto da Emma apesar de não gostar de traços de sua personalidade no início do livro, um pouco mimada e preconceituosa, acredito que o fato de ser mimada por crescer sem a mãe e ter a vida fácil financeiramente facilitou para esses comportamentos. A Jane quis escrever sobre alguém diferente das outras heroínas que dependiam de um bom casamento para ter segurança na vida. Acho que com estes defeitos ela se tornou uma das personagens mais humanas da Jane Austen. E o melhor ela amadureceu no decorrer do livro pois tinha um bom coração e o Mr Knightley o melhor mocinho de todos os livros já escritos ajudando-a melhorar.
Daniele,
Emma foi muito mimada pelo pai e também por Miss Taylor, ainda bem que tinha bom coração, caso contrário seria o que hoje vemos em filhos com tudo e sem caráter, como diz o médico psiquiatra Theodore Dalrymple, seria podre de mimada!
Vamos lá…. (Amooo enquetes: li todos os comentários)
Não gosto de Emma pq ela é rica e eu sou pobre.
Mas gosto de Emma pq ela é sem noção às vezes (me identifico) e ainda se acha “a sensata” do pedaço.
O episódio de quando estão todos na propriedade de Mr Knightley e Emma é super rude com Miss Bates, para mim, é o que melhor descreve a essência de todo o romance. Já me senti como Emma várias vezes e muito agraciada por alguém fazer as vezes de Mr Knightley.
Enfim, é um romance agradável que gira em torno de uma protagnista um tanto antipática kkk
Nayla,
esse detalhe de Emma ser rica é um detalhe essencial que Jane soube colocar muito bem, mas essa qualificação, sé que podemos chamar assim, falarei a respeito em outro momento.
Que fique registrado que minha “first impression” sobre Emma foi boa e que ela me cativou e me levou a me interessar por Jane Austen.
Não sei se pela interpretação da Gwyneth Paltrow que estrelava o filme, mas definitivamente gostei da trama, e achei que a personagem tinha um lindo coração e era apenas um pouco imatura, o que até o final da trama muda completamente. Não é meu livro favorito, nem a heroína mais cativante, mas gosto muito.
Sandra,
você, até o momento, é uma das poucas pessoas que simpatizou de imediato com Emma!
Eu sou apaixonada pela Emma! Talvez seja pelo fato de ter sido a primeira mocinha da Jane Austen que conheci (indiretamente, via “As Patricinhas de Beverly Hills”, um filme que assisti muito em minha pré-adolescência). Ou talvez por ela ser muito ligada à família (a relação dela com o querido e hilário Mr. Woodhouse é para mim sua principal característica redentora). Eu sei que ela tem muitos defeitos (não suporto pessoas intrometidas assim na vida real), mas no fim das contas ela só quer o bem daqueles que a rodeiam (e no fim ela amadurece bastante). Também amo o fato de que, apesar da juventude, ela segue uma linha mais pé no chão do que certas românticas cabecinhas de vento (Marianne, cof, cof). Por fim, acho que os personagens que a cercam contribuem para que eu goste dela (pra mim o fato de alguém como Mr. Knightley gostar dela, e alguém como Mrs. Elton detestá-la pesa muito a favor da Emma).
Pat,
As Patricinhas foram um grande sucesso e pelo visto levaram muitas leitoras a conhecer Emma Woodhouse. Acho isso maravilhoso!
A minha heroína favorita! A stra. Woodhouse apresenta-nos uma faceta muito real do espírito humano, longe de ser perfeita, tem um gênio um tanto quanto presunçoso e convencido. Se julga muito capaz de discernir o que a circunda, e até o final do romance julga que sua impressões estão sempre corretas. A beleza desse romance está exatamente nisso! Quantos de nós não nos achamos os donos da verdade, e quantas vezes não nos frustramos com nossos equívocos? A srta. Woodhouse é “uma heroína imperfeita numa história perfeita” assim como está na contracapa do livro publicado pela L&PM pocket, na tradução de Rodrigo Breunig. Por ela ser tão autêntica e imperfeita, é tão adorável. Me alio à opinião do Sr. Knightley que a considera adorável, e que ela em nada poderia ser diferente!
Apesar de seu deturbado discernimento, de sua presunção e arrogância em certos momentos, de seu sentimento de superioridade, ela também revela uma capacidade de amar, de arrepender-se, de envergonhar-se de suas más atitudes, e revela ser capaz de aprender e mudar, e tornar-se melhor do que fora antes.
Como não amá-la?
Carolina,
assim como você há muitos apaixonados pela senhorita Woodhouse. Obrigada por participar da enquete.