No capítulo 20 de Persuasão temos um encontro de Anne Elliot com o capitão Wentworth permeado por um concerto e galanteios de Mr. Elliot. Jane Austen não dá o nome da obra executada, menciona apenas uma canção italiana:
Towards the close of it, in the interval succeeding an Italian song, she explained the words of the song to Mr. Elliot. They had a concert bill between them.
Quando este chegava ao fim, no intervalo [do concerto] que sucedeu a uma canção italiana, explicou ao senhor Elliot o significado de sua letra, que estava escrita no programa. (trad. Luiza Lobo)
Na versão para o cinema de 1995 com Ciáran Hinds e Amada Root, a soprano Rosa Mannion canta uma composição (em italiano) de Jeremy Sams feita especialmente para o filme. Veja no YouTube aqui.
Na versão 2007, com Sally Hawkins e Rupert Penry-Jones, não há o diálogo sobre as habilidades de Anne em italiano e o concerto apresentado é a “Sinfonia 25 em G Menor” de Mozart. Mais adequada para a Anne Elliot “maratonista”, não é mesmo?! Que fique claro, eu adoro Mozart. Veja no YouTube aqui.
Ao não citar a canção exata Jane Austen nos permite “ouvir” o que mais nos delicia. Eu me apaixonei por esta ária de Vivaldi (“vedrò com mio diletto”, Giustino) cantada pelo contra-tenor francês Philippe Jaroussky. Mesmo uma insensível musical, como eu, se comove com tal música e interpretação. O link do vídeo aqui.
- Uma entrevista (em português) com Philippe Jaroussky, de Rodolfo Valverde.
ATENÇÃO: Não deixem de ler nos comentários a tradução da ária por Denise Bottmann. Muito obrigada Denise!
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Sabe o que adoro nesse blog? O mesmo que adoro em Jane Austen. A fixação nos detalhes. rs.
Adorei, quando estiver em casa verei o vídeo.
Quando li o romance, sempre imaginei também uma soprano cantando a ária… que curioso. Por que será que não me ocorreu que poderia ser um tenor?
P.S.: Eu adoro a versão de 1995, mas convenhamos que a Amanda Root foi mal escalada. Ela parece a mãe do William Elliot nessa cena.
Eu tb sempre imaginei uma soprano rsrsrs
Eu não gostei das atrizes que fizeram a Anne em nenhuma das versões, nem a Amanda Root e nem a atriz que foi escolhida para a versão de 2007. No livro tem uma passagem que diz q apesar dela ter perdido o frescor da idade, ela ainda era bonita. Na versão de 2007 a atriz andava pra lá e pra cá o tempo todo que nem uma maluquinha!! e muito mal vestida!! Já a Amanda Root parecia ser bem mais velha!!
Gizelli
obrigada! Veja, a voz dele é linda!
Elaine e Vanessa,
quando li o capítulo 20 não pensei em música alguma, mas quando vi este vídeo eu lembrei da cena. E as palavras “mio diletto” que acredito significar “meu querido”, “meu preferido”, “meu amado”, me pareceram tão adequadas para o capitão!
Prefiro o Mr. Elliot de Tobias Menzies (2007).
Sobre Amanda Root, fico na dúvida, uma hora gosto, outra desgosto.
A versão 2007 é mesmo uma correria!
PS: se alguém souber italiano e se dispuser nos dizer exatamente o que significa “vedrò com mio diletto”, eu agradeço.
ê moça dos desafios impossíveis!
o italiano é simples, as rimas são singelas, o ritmo é bonito, tercetos com rima a/b/c/a/b/c/.
agora vai botar isso em português!
Vedro con mio diletto
l’alma dell’alma mia
Il core del mio cor pien di contento.
E se dal caro oggetto
lungi convien che sia
Sospirero penando ogni momento…
tirando calma, não acho o que rimar decentemente com alma, sem emperequetar uma linguagem tão bonita e despojada.
em quadras, a/b/c/d, esquecendo alma, e rima torta em contente/momento
Com meu amado verei
A alma da minha alma
O coração do meu coração
Cheio de contentamento
Então suspirarei
Se longe tiver de ficar
Do objeto de minha paixão,
Penando a cada momento
ou, mais enxuto:
Verei com meu dileto
A alma de minh’alma
O coração de meu coração contente.
E se do caro objeto
[longe tiver de ficar]
Suspirarei penando cada momento…
não tem como: “cor” é curtinho, “contento” é curtinho – se puser coração cheio de contentamento, fica quilométrico!
Trabalho de tradução profissional que dá até gosto de ver, Denise!
Essa é a letra da ária que toca no “Persuasão” de 1995?
Denise,
maravilhosa! Essa ária, agora sabendo a letra, é perfeita para o concerto do capítulo 20! Obrigada!
Elaine,
essa ária eu achei linda, mas não é do filme de 1995.
Nesse filme foi composta uma canção por Jeremy Sams, unicamente para o filme.
Eu ia falar de Mozart, mas fiz um cavalo-de-pau ao ver os comentários.
Não contente em traduzir perfeitamente, a Denise ainda versa? Tô bege!!!!!!
Raquel, qdo tenho um tempinho leio seu site (q está favoritado aqui) mas nem sempre o comento…absurdo né? rs
Pois estou aqui p/elogiar o excelente trabalho… parabéns. principalmente por este último post. Adoro ler o que outros pensam sobre os filmes e livros…
P/ me diferenciar desta outra Leticia q tem por aqui… virei Letícia O. 😉
bj e boa noite
Letícia O.
então é você, sentada ali no cantinho, lendo quietinha?
seja bem-vinda ao Jane Austen em português!
Raquel, li o comentário da “Letícia O”
e me acho incrivelmente parecida com ela! Pois não existe um dia que nao entre no seu blog para me atualizar sobre notícias relacionadas com Jane Austen!
e por falar nela, pergunto-lhe se os livros da senhorita Granger, são realmente bons? se bem sei ela escreveu livros que seriam supostos diários dos hérois de Austen, é isso mesmo?
desde ja agradeço e mais uma vez lhe parabenizo pelo blog!
Mayara,
agradeço suas palavras e sua visita assídua!
Não li, até hoje, nenhuma seqüencia dos livros de Jane. Prefiro não fazer comentários baseados nas sinopses de capas e orelhas, quando puder quero ler algumas para ter uma idéia mais precisa do texto.