Não é à toa que Jane Austen é colocada no mesmo patamar de William Shakespeare. Os dois continuam completamente atuais.
Conforme prometido o soneto pelo qual me apaixonei, o número 66. De uma atualidade impressionante!
Lembrando que o sorteio de dois exemplares dos 50 sonetos de Shakespeare, traduzido por Ivo Barroso, vai até o dia 15, nesta página.
Farto de tudo, a paz da morte imploro
Para não ver no mérito um pedinte,
E o nulo se ostentando sem decoro,
E a fé mais pura em degradado acinte,
E a honra, que era de ouro, regredida,
E a virtude das virgens violada,
E a reta perfeição ser retorcida,
E a força pelo fraco subjugada,
E a prepotência amordaçando a arte,
E impondo regra o tolo doutoral,
E a verdade singela posta à parte,
E o bem cativo estar do ativo mal:
Farto de tudo, a morte é o bom caminho,
Mas, morto, deixo o meu amor sozinho.
Tir’d with all these, for restful death I cry,
As, to behold desert a beggar born,
And needy nothing trimm’d in jollity,
And purest faith unhappily forsworn,
And guilded honour shamefully misplaced,
And maiden virtue rudely strumpeted,
And right perfection wrongfully disgraced,
And strength by limping sway disabled,
And art made tongue-tied by authority,
And folly doctor-like controlling skill,
And simple truth miscall’d simplicity,
And captive good attending captain ill:
Tired with all these, from these would I be gone,
Save that, to die, I leave my love alone.
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Também achei atualíssimo, especialmente “(…) E a prepotência amordaçando a arte, e impondo regra o tolo doutoral (…)”. Soneto fabuloso.
Junior,
a cada texto pseudo-acadêmico que leio eu os renomeio “ah! cadê o mico?”
É de fazer corar quantidade de tolices.