Estou terminando de ler Sense and Sensibility para publicar a última parte da leitura comparada e, delicia das delícias, sempre encontro algo que havia me escapado nas leituras anteriores!
No final do capítulo 43 Willoughby chega a Cleveland. Sabendo que Marianne está muito mal ele deseja falar com Elinor para tentar amenizar a péssima imagem que ele sabe as Dashwoods tem dele após abandonar Marianne e casar com a senhorita Grey. O capítulo 44 é todo dedicado ao sacripanta e no seu final Elinor, apesar de não demonstrar, já está condoída com a situação do antigo namorado de Marianne. Mas minha intenção não é escrever sobre as desculpas de Willoughby, mas sim um pensamento de Elinor no capítulo 45.
Aqui faço um parêntese para quem viu apenas o filme ou as minisséries. O filme de 1995 não tem a cena com as desculpas e as minisséries de 1971, 1981 e 2008 tem mas com um detalhe, as duas últimas colocam Marianne ouvindo a conversa de Willoughby e Elinor, o que não ocorre no livro.
Voltando ao livro, no capítulo 45, Marianne já estava aos cuidados da mãe e Elinor foi descansar, mas não conseguia.
Willoughby, “poor Willoughby”, as she now allowed herself to cal him, was constantly in her thougths: she would not but have heard his vindication for the world, and now blamed, now acquitted herself for having judged him so harshly before. But her promise of relating it to her sister was invariably painful. She dreaded the performance of it, dreaded what its effect on Marianne might be; doubted whether, after such an explanation, she could ever be happy with another; and for a moment wished Willoughby a widower.
Sense and Sensibility, chapter 45
Willoughby, “o pobre Willoughby” (como agora ela se permitia chamar-lhe), estava continuamente em seu pensamento; preferia não ter ouvido sua justificação, e agora censurava-se por tê-lo julgado tão asperamente antes. Mas sua promessa de relatar tudo à sua irmã também era muito espinhosa. Temia a sua execução, temia os efeitos que poderia exercer sobre Marianne; duvidava se, após tal explicação, ela poderia jamais ser feliz com outro; e por um instante desejou que Willoughby enviuvasse.
Razão e sentimento, tradução Ivo Barroso
Willoughby, “pobre Willoughby”, como agora permitia-se chamar-lhe, estava constantemente nos seus pensamentos: não ouviria quaisquer justificações, por nada neste mundo, e agora acusava-se e redimia-se de o ter acusado tão injustamente. Mas a sua promessa de contar a sua irmã o que se passara era dolorosa; receava fazê-lo, temia as suas consequências em Marianne; duvidava que ela fosse capaz de ser feliz com outra pessoa, depois de ouvir aquela explicação; e por momentos desejou que Willoughby enviuvasse.
Sensibilidade e Bom Senso, tradução Maria Luísa Ferreira da Costa
E aqui temos a nossa sensata e correta Elinor, mesmo que por alguns segundos, desejando a morte de alguém. Como qualquer ser humano normal.
Este é um dos motivos pelos quais eu admiro Jane Austen.
E como qualquer ser humano normal, não me contive e coloquei o meu Willoughby preferido, Greg Wise, neste post. E para combinar com as outras imagens tornei o ensolarado dia do casamento de Marianne num dia carregado de azul, como se fosse desabar uma tempestade!
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Raquel, comprei na Saraiva o Razão e Sensibilidade de 2008 e junto com ele vem Miss Austen Regrets! Que maravilhoso ver essas séries sendo traduzidas.
Não vejo a hora de assistir, mas aí depende do meu filho de 4 anos dormir rsrsrs
Beijos!
Vanessa,
a fotografia da série é linda!
Nana, neném, que Jane Austen vem aí!
Só mais um comentário, apesar de ainda não ter assistido, acho que não irá superar a versão de 1995…
Sim, admiramos jane Austen e um dos motivos é a maneira dela retratar as pessoas, cada uma com seus defeitos e qualidades.
Bjs!
Vanessa,
assista e me conte!
Na minha opinião ele teve o que merecia, por mentir e fazer esperanças falsas em Marianne, e teve um casamento infeliz, nada mais justo!!!
Gabriela,
sem dúvida ele foi um covarde e acomodado que não abriu mão dos prazeres por uma pessoa que valia.
Lembrava vagamente desse pensamento de Elinor. Personagens verdadeiramente humanos são sempre os mais cativantes.
Lembrei agora de uma senhorita criada por Louisa May Alcott no livro “A Herança” (The Inheritance) que li ano passado. A personagem principal, Edith Adelon, era tão perfeita que irritava e li todo o romance com bastante esforço, pois esse exagero em qualidades e elogios era maçante. Sem querer desmerecer a grande autora Louisa, mas personagens humanos como o de Jane Austen são mais realistas.
Júnior,
para as perfeitinhas desejo uma Mary Crawford!