Comprei o livro À margem das traduções pelo prazer de ler sobre traduções e também por ter um artigo onde é comentada a tradução de Lúcio Cardoso de Pride and Prejudice.

O artigo, datado de 17 de setembro de 1944, menciona os false friends ou les faux amis que são uma armadilha na tradução. Cito apenas três exemplos:

“As esperanças de mr. Bennet se realizaram integralmente. Seu primo era tão absurdo quanto ele tinha esperado.”  (76)
O adjetivo absurd, referido a pessoa, é muito próprio do inglês, com o sentido vago de ridículo, tolo.

“Não havia extravagância nenhuma na casa dos pais dela.”  (237)
O termo mais natural em português seria, pelo sentido, esbanjamento, gastos excessivos.

“Oh sim, se a gente pudesse ir a Brighton… Mas papai é tão desagradável.” “But papa”, reza o original, “is so disagreeable” . (185)
Esse adjetivo em inglês pode corresponder a ill-tempered, e ali correria bem melhor o vernáculo se estivesse “impertinente”, “rabugento” ou o popular “ranzinza”.

Nenhum deles me incomoda para falar a verdade e no caso do meu querido Mr. Collins ele de fato beirava ao absurdo!

  • À margem das traduções, Artigos de Agenor Soares de Moura, organizados por Ivo Barroso. Editora ARX, 2003.

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