Conforme prometido no post “Coleção Jane Austen” volto a falar sobre Stoneleigh Abbey. Primeiro a imagem para lermos já imaginando Jane passeando pelo local.
Esta maravilhosa foto foi feita por Snowmanradio (Wikimedia Commons)
Stoneleigh Abbey foi fundada em 1154 por monges Cistercienses e foi propriedade da família Leigh de 1561 a 1996 quando passou para uma associação de caridade mantida pelo Heritage Lottery Fund. A propriedade com um parque de 690* acres e atravessada pelo rio Avon foi, ao longos anos, sendo construída e melhorada por vários arquitetos e artesãos e da abadia propriamente dita resta muito pouco como um portão medieval de 1346.
Em agosto de 1806 Jane Austen e sua mãe acompanharam o reverendo Thomas Leigh (primo da mãe de Jane) até Stoneleigh para que este providenciasse a posse da propriedade que ele herdara. Mais tarde por descrições do local em cartas e em seus livros podemos ver como a autora inspirou-se nesse belo lugar.
O site diz que a história de Anne Elliot de Persuasão teria sido inspirada em uma das antigas moradoras do solar, Elizabeth Lord ou Tia Betty, que casou-se secretamente e como era contra a vontade da família acabou separando-se para mais tarde reconciliar-se, acredito que não só com o marido mas com a família também!
As descrições de Sotherton Court, propriedade de Mr Rushworth, noivo de Maria Bertram, também coincidem com Stoneleigh Abbey e podemos vê-la aqui sob o olhar do narrador, de Fanny Price e de Henry Crawford, respectivamente, no capítulo 9 de Mansfield Park:
Mrs. Rushworth’s guidance were shewn through a number of rooms, all lofty, and many large, and amply furnished in the taste of fifty years back, with shining floors, solid mahogany, rich damask, marble, gilding, and carving, each handsome in its way.
[…] sob a direção de Mrs. Rushworth, atravessaram vária salas, formidáveis, espaçosas e amplamente mobiliadas no estilo de há cinqüenta anos atrás, com lustrosos assoalhos e sólidas madeiras, ricos damascos, mármores dourados e esculturas, cada um mais lindo.
Fanny’s imagination had prepared her for something grander than a mere spacious, oblong room, fitted up for the purpose of devotion: with nothing more striking or more solemn than the profusion of mahogany, and the crimson velvet cushions appearing over the ledge of the family gallery above.
A imaginação de Fanny tinha a preparado para encontrar uma coisa mais imponente do que aquela sala pouco espaçosa, oblonga, adaptada para a prática de devoção: sem nenhuma coisa de mais notável ou mais solene a não ser a profusão de mognos e as almofadas de veludo carmesin que apareciam sobre a borda da galeria da familia.
[…] Henry Crawford was looking grave and shaking his head at the windows. Every room on the west front looked across a lawn to the beginning of the avenue immediately beyond tall iron palisades and gates.
Having visited many more rooms than could be supposed to be of any other use than to contribute to the window-tax, and find employment for housemaids […]
{…] Henry [Crawford] permanecia muito serio, sacudindo a cabeça com reprovação às janelas. Todos os compartimentos do lado oeste davam para um pátio, de onde se avistava o começo de uma alameda logo depois de uma alta cerca e do portão de ferro.
Depois de visitarem mais salas do que se poderia supor de utilidade senão para a contribuição da ‘taxa das janelas’** ou para dar serviço para as camareiras, […]
Bem, ao que parece tudo isto permanece quase igual aos dias que Jane visitou o local e é possível fazer um tour pela propriedade acompanhado de leitura de suas cartas. Se não puder dar um pulinho até a Inglaterra resta o consolo do site deles: Stoneleigh Abbey e com páginas dedicadas somente à autora.
- As traduções de Mansfield Park são de Rachel de Queiróz, Global, 1983.
- * aproximadamente 279 hectares
- ** “taxa das janelas” – imposto inglês sobre o vidro que era medido pelo número de janelas, em vigor até 1851, quando foi substituido por outro, naturalmente.
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Que lugar fantástico! A Inglaterra realmente deve ter lugares maravilhosos, vide o que vemos em todos os filmes da JA. Não dá vontade de “pular” para dentro da foto?? Nunca tive a oportunidade de viajar para fora do país, mas sem dúvida alguma a Europa é o continente que mais me atrai. Visitar países como Inglaterra, França, Rússia, Itália…
Abraços!
O que é o jardim desse lugar??!! Fui lah no site dar uma olhada. Belíssimo!
Vanessa,
a Inglaterra é mesmo muito linda!
O lugar é lindo! Gente, alguém aqui mora nos EUA? Eu estou morando em Houston e gostaria de saber se consigo comprar as obras da jane Austen em português. Os livros dela são muito antigos, com uma linguagem muito rebuscada. Acredito que seria muito mais fácil lê-los em português. Acabei de ler Pride and Prejudice e amei! Quero ler os outros. Se alguém souber onde posso encontrá-los, ficarei muito feliz!!
Fabiana,
seja bem-vinda ao Jane Austen em português!
Eu não sei onde comprar livros de Jane Austen em português nos Estados Unidos. Talvez em grandes livrarias. Mas você pode comprar, por exemplo, nas livrarias de São Paulo, a maioria tem site e provavelmente envia para fora.
lindo!
Descobri o blogue recentemente! E acho-o fenomenal, perco horas a ler os artigos, são bastante interessantes!
Aventurei-me recentemente no mundo de Jane Austen e ando deslumbrada!
Graças ao seu blogue pude ter acesso às obras online no Girlebooks!
Parabéns!
Certamente garantiu uma fã atenta ao seu trabalho!
Laura
Laura,
muito obrigada e seja bem-vinda ao Jane Austen em português!
As meninas do Girlebooks fazem um belo trabalho, diagramando os livros diminuem o desconforto de ler na tela.
Raquel,
muito obrigada pela dica. Não vejo a hora de ler outro livro da Jane Austen. Parabéns pelo seu Blogue!
Fabiana,
de nada! e se você descobrir alguma livraria nos Estados Unidos que vendam livros de Jane em português conte aqui no blogue! abs