Sense and Sensibility: duzentos anos este ano
por Tony Grant
Este ano é o aniversário de duzentos anos da publicação de Sense and Sensibility [Razão e sentimento ou Razão e sensibilidade]. Jane Austen iniciou este romance juvenil e mais ingênuo quando tinha dezenove anos. É um romance que explora as dores emocionais e os erros cometidos pelos adolescentes.
Tive meu primeiro contato com Jane Austen bem jovem. Nasci e me criei em Southampton, na costa sul da Inglaterra. Jane Austen morou na cidade de Southampton com sua mãe, sua melhor amiga Martha Loyd e com sua cunhada Mary, casada com Frank. Elas moraram em uma casa em Castle Square durante o ano de 1806. A casa ficava em uma posição elevada por trás da antiga muralha medieval da cidade, com vista para uma grande baía, onde séculos antes Henrique V e as suas tropas zarparam para lutar na França e posterior grande vitória em Agincourt. Jane e sua familia tinham uma vista magnífica de New Forest a distância. Quando eu era garotinho minha avó mostrava o pub Juniper Berry, hoje chamado Bosuns Locker, que fica no local onde era a casa que Jane Austen vivia com sua família. Estudei em Bitterne e participei do St. Mary College que fica situado em uma colina com vista para o vale e a rodovia de Portsmouth. No outro lado do vale ficava a propriedade de uma família chamada Lances. Jane Austen tornou-se amiga dos Lances quando morou em Southampton. Ela ia os bailes no Hotel Dolphin com as filhas da família, era convidada para tomar chá na casa e admirava o pianoforté da senhora Lances. Da minha sala de aula eu podia ver Lances Hill no outro lado do vale e em mais de uma ocasião minha professora de inglês falou que Jane Austen tinha estado no local. Assim desde bem jovem eu sabia quem era Jane Austen.
Eu não havia lido nenhum dos seus romances até 1975 quando fiz uma licenciatura em literatura inglesa. Um dos meus temas foi um curso sobre romance no século 19 e nós tivemos que ler Mansfield Park. Eu adorava ler e compreender a estrutura de Mansfield Park e os significados do romance. Com o passar dos anos visitei muitas vezes Winchester e também conheci bem Chawton, em homenagem a Jane e acrescentando, ano após ano, conhecimento e respostas sobre nossa Jane.
Mas somente aos uns cinco anos atrás foi que comecei a ler todos os romances de Jane Austen, incluindo Sanditon, compreendendo suas cartas e lendo a excelente biografia da autora escrita por Claire Tomlin.
Sense and Sensibility é de especial importância para mim porque eu acho que uma das coisas que Jane nos permite fazer, em todos os seus romances, é segurar um espelho para que possamos nos olhar. Seus romances nos ajudam a refletir sobre nós mesmos. Sense and Sensibility faz isso, especialmente para mim, através do personagemde Willoughby. Ele me lembra da minha juventude dissoluta, talvez bebendo demais, procurando sempre por divertimento e considerando mulheres bonitas apenas como a possibilidade de prazer imediato. Eu também era superficial. Eu compreendo sua dor quando a maturidade e o conhecimento do verdadeiro amor acontece para ele. Willoughby foi infeliz porque cometeu muitos erros fatais e perdeu Marianne. Eu tive muito mais sorte. Eu conheci minha esposa, Marilyn, e ela me mudou. Isto aconteceu no exato momento, e profundamente, quando a conheci. Tivemos uma ligação muito forte. É assim ainda hoje, 29 anos e quatro filhos mais tarde. A superficialidade dos meus primeiros relacionamentos, frequentemente emocionantes como fogos de artifício, não eram mais do que isso, uma explosão brilhante, e depois nada.
Obrigado Jane, por escrever Sense and Sensibility e obrigado Willoughby por me lembrar o que poderia ter acontecido. Todos os homens deveriam ler Sense and Sensibility para seu próprio bem.
SENSE AND SENSIBITLY:TWO HUNDRED YEARS THIS YEAR
This year is the two hundredth anniversary of the publication of Sense and Sensibility. Jane Austen started writing this novel of youth and naivity when she was nineteen years of age. It is an exploration of a teenagers emotional pain and mistakes made.
I first became aware of Jane Austen at an early age. I was born and brought up in Southampton on the south coast of England. Southampton was the town Jane lived in with her mother, her best friend Martha Lloyd and her brother frank’s wife, Mary. They moved into a house in Castle Square during the year of 1806. It had a high position behind the ancient medieval walls of the town overlooking a great bay where centuries before Henry V and his troops had set sail from for France and victory at Agincourt. They had a magnificent view of the New Forest in the distance. When I was a little boy my grandmother pointed out the pub called the Juniper Berry and now called the Bosuns Locker which is on the sight of the house where Jane lived with her family. I also went to school in Bitterne and attended St Mary’s College which is situated on a hill overlooking a valley with the Portsmouth Road running through it. On the other side of the valley used to be the estate of a family called the Lances. Jane Austen became friends with the Lances while living in Southampton, attended balls at the Dolphin Hotel in the high street with the Lance daughters and visited their house for tea and admired Mrs Lance’s pianoforte. From my classroom I could look out on Lances Hill on the opposite side of the valley and was told on more than one occasion by my English teacher that Jane Austen had been there. So from a very early age I was aware of Jane Austen.
I didn’t read any of her novels until in 1975 I was doing a degree in English literature. One of my units was a course on the 19th century novel and we had to read Mansfield Park. I loved getting to grips with the structure of Mansfield Park and the meanings in the novel. As the years went by I visited Winchester many times and got to know Chawton well, paying homage to Jane and adding, over the years, layer after layer of knowledge and developing responses to our Jane.
It wasn’t until about five years ago I set about reading all of Jane’s novels including Sanditon, getting to grips with her letters and reading Claire Tomlin’s excellent biography of Jane.
Sense and Sensibility is of special importance to me because I think, one of the things Jane enables us to do in all her novels is hold a mirror up to ourselves. Her novels help us reflect on ourselves. Sense and Sensibility does this especially for me through the character of Willoughby. He reminds me of my dissolute youth, perhaps drinking too much , looking out for a good time always, and seeing attractive women merely as a good lay. I too was superficial. I empathise with his pain as maturity and knowledge of his true love dawns on him. Willoughby was unlucky because he made too many fatal mistakes and lost Marianne. I was far luckier. I met my wife, Marilyn, and she changed me. It felt, just right, deep down when I met her. We made a connection. It is still right 29 years and four children later. The superficiality of my early relationships, often as exciting as exploding fireworks, were no more than that, a bright sparkling explosion and then nothing.
Thank you Jane for writing Sense and Sensibility and thank you Willoughby for reminding me what could have happened. All men should read Sense and Sensibility for their own good.
Views: 62
Bom dia Raquel,
Obrigada pelo post, ao lê-lo não pude deixar de lembrar de meu marido, ele não leu nenhuma obra de Jane Austen mas fez questão de comprar as obras adaptadas para a TV para assistirmos juntos, não uma, mas várias vezes e Razão e Sensibilidade com Emma Thompson é seu preferido.
Patricia,
Bela história, a sua e de seu marido!
A cada leitura que faço nos livros de Jane Austen descubro o quanto a autora coloco muito bem os personagens masculinos e se mais homens a lessem, ia adorará-la.
Oi Raquel,
estou encantada com o post, adorei ler a história do Sr.Grant e como Jane Austen teve importância em sua vida. Amei as fotos tb, viajei um pouquinho com elas (ah, que saudades da Inglaterra, rs).
Adorei ele dizer que todos os homens deveriam ler as obras de Jane, eu concordo, mas temo que muitos não entenderiam simplesmente por não se identificarem com muitos dos sentimentos “femininos”, as sutilezas, etc, ao menos o meu marido acho que não entenderia muito, ele me vê chorando ao ler livros e não entende como letras num papel podem me emocionar tanto.
Mas quem sabe um dia, nunca diga nunca, rs
bjos
Gisele,
eu tenho certeza que se parte dos homens lessem pelo menos, um livro de Jane Austen eles iriam descobrir o quanto a autora descreve eles muito bem! E digo mais, toma o partido deles.
“Seus romances nos ajudam a refletir sobre nós mesmos”: essa é uma verdade absoluta quando se fala em obras de Jane Austen. É impressionante como depois que as lemos, passamos a observar e avaliar várias de nossas próprias atitudes ao compará-las com as dos personagens, seja para melhorá-las, mantê-las ou mudá-las completamente.
Que post excelente. E as fotos então… Dá até para ficar um pouco (na verdade bastante) frustrado por não morar em um lugar assim. As ruas limpíssimas…
Raquel, tomara que com o passar do tempo mais homens se interessem pela obra de Jane Austen. Conhecer seu legado é fascinante.
Júnior,
eu adorei começar os artigos dos leitores com você e com o Tony e assim mostrar que homens também apreciam, e muito, Jane Austen!
“Todos os homens deveriam ler Sense and Sensibility para seu próprio bem.” pois é!
Thank you all for your kind comments.
I always think that great literature engages us on an emotional and an intellectual level. We can have a relationship with it. We can learn more each time we engage with it. It can help us grow and develop, and it’s great fun and a release from our everyday lives.
All the very best,
Tony
Tony,
I thank you for your lovely post!
Meu namorado disse para a irmã mais nova: “todas as mulheres deveriam ler Jane Austen”. Eu digo para os ‘homens da minha vida’ (namorado, pai, irmãos…) que todos eles deveriam ler Jane Austen. Em resumo, ela é essencial para o ser humano!
Adorei este texto do Sr. Grant. É sempre bom ouvir a opinião masculina de quem lê – e gosta – da Jane. Ainda mais quando mostra a visão de um homem amadurecido, que cresce com as boas leituras que faz.
Grande abraço,
Rebeca
Rebeca,
a história do Tony é ótima e bem poderia ser um exemplo!
Muito obrigada por postar este artigo, Raquel! Gostei muito de lê-lo!
E concordo com Tony Grant: todos os homens, independente de já serem ou não sensíveis e maduros, deveriam ler Jane Austen e perceber que seus romances não encerram enredos “água com açúcar”, mas, sim, tramas extremamente bem elaboradas e, por consequência, inteligentes, sábias e envolventes, capazes de transformar a vida daqueles que desfrutam de sua leitura.
Karen,
o Tony, tenho certeza, apreciará muito teu comentário!
🙂
Thank you, Karen, for your kind comments.
Tony
Oh, you’re welcome!