Em 1940, Elizabeth Bennet dá uma lição em Mr. Darcy numa disputa de arco e flecha. Essa é uma das tantas cenas do filme que não existe em Orgulho e preconceito, o livro.
Nem sempre as adaptações acertam, mas neste caso eu achei que a cena ficou adorável. Já li duras críticas às atuações de Greer Garson, mas eu sinceramente gosto desta versão e da atuação da atriz. Sobre Laurence Olivier sou sempre parcial, não consigo não gostar!
UPADATE: Transcrição do diálogo abaixo.
Inicio a transcrição um pouco antes do vídeo pela graça do diálogo:
ELIZABETH: Você é um bom atirador com arco-e-flecha, Mr. Darcy?
MR.DARCY: Tolerável.
ELIZABETH: Apenas tolerável?
MR.DARCY: Bem, é um ótimo e antigo esporte.
No qual, mesmo uma jovem, pode tornar-se perita.ELIZABETH: Foi o que eu ouvi dizer
MR.DARCY: A curta distância, é claro.
E com um arco leve.
(este vídeo inicia aqui)
Que péssimo tiro…ELIZABETH: Pelo contrário, foi muito bem.
MR.DARCY: Bem, poderia ter sido pior. Agora é sua vez
Segure o arco com a mão esquerda.
Desse modo. A flecha vai assim.
Isso mesmo, use os três dedos. Um, dois, três.
Endireite o braço esquerdo. Reto, reto, reto.
Agora, vire de lado em direção ao alvo. E mire o alvo. Certo.
Na mosca.
E outra na mosca.
Da próxima vez quando eu falar com uma jovem sobre arco-e-flecha não serei tão paternalista.
Sim, obrigado pela lição.ELIZABETH: Obrigada por ter aceito tão bem a derrota. A maioria dos homens teria ficado ofendida e com razão.
MR.DARCY: Você se importaria em me dizer, Miss Bennet, por que está tão determinada em me ofender?
ELIZABETH: Isso é possível, Mr. Darcy? Eu achei que o senhor era invulnerável.
Parece sempre tão impassível.
Talvez o senhor não ria o suficiente.MR.DARCY: Talvez tenha razão. Mas você não respondeu minha pergunta.
CAROLINE BINGLEY: Mr. Darcy!
| trad. mea culpa |
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Ha,ha,ha,gostei!Ainda não vi essa versão,gosto muito desses filmes em preto e branco…se bem que ele pareceu ser um Mrs Darcy mais bem humorado…
Tania,
nesta versão de 1940 o tom é de comédia total. Em cada versão que vi, cada Mr. Darcy tem uma interpretação e todas se tocam em algum ponto.
Isso que é uma lição de arco e flecha!
Raquel, também já li algumas críticas à esta adaptação, em especial ao figurino e à idade de Greer Garson, que foi considerada incompatível com o papel (se não me engano, na época ela tinha 36 anos). Também falam em uma teatralidade exagerada, mas não sei se isso pode ser encarado como um ponto negativo.
Falando em figurino, também li que a maioria das roupas desta adaptação foram as mesmas utilizadas em “…E o Vento Levou”. Talvez a tentativa de economizar no vestuário “explique” a discrepância em relação ao verdadeiro estilo de figurino da época.
Júnior,
sobre a teatralidade, nesta versão em particular, não me incomodou. E sim, os figurinos foram adaptações e as garotas parecem bolos de aniversário!
Júnior e Raquel, acho que a ideia que fazemos do “antigamente” varia conforme as gerações. Se para nós, hoje, as reconstituições de época parecem mais adequadas (até porque a pesquisa melhorou), para o público da década de 40 esse figurino parecia perfeito: 1) porque não se tinha muita ideia do que era; 2) Porque a tendência da época indicava para certo exagero em laçarotes e babados, e daí mergulhava-se na jaca da “ideia do antigamente”.
Notar que, mesmo em relação a “E o vento levou…”, HOJE não concebemos que mocinhas fazendeiras do sul dos EUA se vestissem com tantas armações e laçarotes e babados alvíssimos, por mais ricas que fossem.
Mesmo quando Scarlett improvisa na cortina, há um fundo de influência de moda da época em que o filme foi exibido.
Espero que cada vez mais estejamos livres dessas influências. Mas sabe lá como veremos as reconstituições de época dos filmes de AGORA daqui a quarenta anos?
Letícia parabéns pelo seu comentário inteligentíssimo. De facto a maioria das reconstituições «pecava» por mostrarem uma colagem muito marcante à época em que eram realizadas. Por um lado rimo-nos das situações ridículas,( mas não é tb esse um dos encantos dos filmes a preto e branco?), por outro temos o privilégio de poder fazer várias leituras sobrepostas.
Uma delícia!
Ai que chique essa discussão aqui. Nem vou me atrever a comentar sobre o assunto porque não conheço profundamente a obra, mas já fico logo atraída quando vejo uma imagem de filme em preto e branco.
Beijos
Depois dos 25…,
participe, sim! Não é todo dia que conhecemos fãs de filmes P&B.
Vicky, muito obrigada!
Cada tempo tem uma marca, e a gente se engana ao pensar que o nosso não deixará as suas.
Imagina se houvesse um Pride & Prejudice do tempo do cinema mudo, por exemplo (nem sei se há). As meninas Bennet todas com boquinhas e cabelinhos de Betty Boop, e Mr. Darcy cheio de lápis preto nos olhos? Plausível…
Mas concordo com você, a gente faz mil leituras de fundo e isso é uma delícia!
Leticia, não tinha parado para pensar nisso. Realmente faz todo o sentido.
O nível de conhecimento que se tem em cada época (no caso, sobre os figurinos) e as tendências próprias do período com certeza devem ser levados em consideração. Bem interessante isso.
Júnior, enquanto isso a gente vai rezando para ninguém se animar a fazer um Mr. Bingley emo…
seria ótimo ter em dvd!
Na,
preto e branco tem em DVD e co legendas em português. Importado sai baratinho.
Ahá!Gostei mais ainda!Vou amar ver esse filme inteiro…