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“Florais de Bach para as personagens de Orgulho e preconceito”
por Rebeca Miscow
Desanuviando

Quando comecei a estudar os florais de Bach, segui a sugestão de Metchthild Scheffer, aluna do Dr. Bach, de “prescrever” florais para os personagens dos contos de fadas. Essa “técnica” é interessante, pois, como as características desses personagens são muito marcantes, fica fácil descobrir qual o floral que cada um precisa tomar. Com o tempo, vamos ganhando prática e confiança na arte de prescrever floral e, então, podemos prescrever para pessoas da vida real.

Camélias, botõesDepois de ter iniciado os estudos dos florais, reli Orgulho e Preconceito e, foi inevitável: cada personagem que aparecia, eu já pensava em qual floral eu daria. Resolvi, então, compartilhar com vocês um pouco dessa experiência. Antes, no entanto, adianto algumas observações:

  • Muitas vezes, um personagem, assim como uma pessoa real, precisa de mais de um floral. Porém, para simplificar o texto, procurei receitar apenas um floral, o que mais se destacaria para determinada personalidade.
  • O floral que “prescrevi” a cada um foi o que, aos meus olhos, pareceu o mais indicado. Nada impede de uma outra pessoa, ao “prescrever” floral a um personagem da Jane Austen, pensar em outro.
  • Por falta de espaço, não vou falar de todos os personagens, mas dos principais e dos que têm personalidades mais marcantes.

Feitas essas observações, vamos ao que interessa!

Para a doce e querida Jane, logo pensei no floral Agrimony. Diz David Vennells: “Os tipos Agrimony escondem os problemas por trás de um bom humor ou falsa alegria. Encontram dificuldades para falar abertamente sobre seus problemas, preferindo mantê-los guardados dentro de si mesmos”. Pensei nessa característica da Jane, quando, por causa de sua timidez, o Mr. Darcy pensa que ela não ama o seu amigo, Mr. Bingley, e o convence a se afastar dela. Em cenas posteriores, é Elizabeth quem diz ao Mr. Darcy que Jane não se abre nem com ela, que é sua irmã! Além disso, nós sabemos que Jane fica triste por Mr. Bingley ter sumido, mas ela tenta demonstrar que está tudo bem.

Para a espevitada Lydia, me veio à mente o floral Chestnut Bud, por ser imatura, por cometer erros, mas não aprender com eles. Diz Vennells, em seu livro: “Acham difícil aprender com a experiência, repetindo várias vezes o mesmo erro (…) Podem ser ingênuas e viver em um mundo semifantasioso onde a realidade nem sempre é bem-vinda. Podem ter a tendência de rejeitar ou evitar conselhos, em especial se estes ameaçarem seus pontos de vista. (…) Geralmente são incapazes de aprender as lições da vida e, subseqüentemente, podem parecer infantis ou imaturas, mesmo sendo adultas.” Acho que fala por si, não é mesmo? Duvido que Lydia, com o passar do tempo, venha a amadurecer. Muito menos ao lado de Mr. Wickham, outro imaturo…

Camélias vermelhasSenhora Bennet. A mãe de Lizzy. A sogra. Não existe um floral específico para “sogra”, infelizmente. Rsrsrs Mas, com relação à senhora Bennet, logo penso nos seus nervos e, para isso, há o floral Aspen. Pessoas do tipo Aspen são bastante nervosas e agitadas. Seu nervosismo pode levar à exaustão e, em conseqüência, a alguma doença. Temem o pior, se preocupam em excesso, são ansiosas, mas suas preocupações e seus medos podem mudar de uma hora para outra. O problema de pessoas que precisam desse floral é que elas agitam tudo e todos ao redor. Bom, nem todos, pois, como sabemos, há um homem que fica impassível. Ou melhor, que aprendeu a ser impassível. Estamos falando do Senhor Bennet, nosso próximo paciente.

O senhor Bennet, coitado, não tem fortuna, não gerou filho homem e tem aquela esposa. Merece uma medalha e o floral Wild Rose. Pessoas desse tipo são as que, simplesmente, se resignaram, se conformaram com a vida. Resignar-se pode ser bom, por um lado, mas, por outro, é ruim quando se nota que a pessoa só está “empurrando a vida com a barriga”. E segundo Vennells: “Wild Rose auxilia essas pessoas (…) a assumir um interesse renovado pela vida. Tornam-se mais vigorosas e renascem de seu torpor mental e emocional. É restaurado um senso de espontaneidade e vitalidade.”

A amiga de Lizzy, Charlotte, é outra que me chamou a atenção. A gente tenta entender a situação dela: é velha para os padrões da época e está solteira. Ela sabe disso e resolve aceitar o pedido de casamento do Mr. Collins. Você faria o que ela fez? Você se casaria com o…Mr. Collins?? Pois é, ela se casou…Então, a gente logo pensa que ela não tem amor próprio. Por isso, daria para ela o floral Larch. Eis o que fala Vennells sobre as pessoas que precisam desse floral: “Possuem uma falta definida de autoconfiança, e ficam felizes em deixar que os outros façam as coisas para eles se assim o desejarem. Não possuem uma vitalidade forte ou uma natureza espontânea, e preferem levar a vida aos poucos a ter que se lançar ao mundo e ver o que podem conquistar.”

E falando em Mr. Collins, de cara eu penso no floral Centaury, que é o floral dos submissos. Esta descrição no livro dos florais resume todo o Mr. Collins: “Com freqüência, tudo que dizem é ignorado, e algumas vezes são motivos de risadas”. Eu só corrigiria um detalhe: acho que muitas vezes Mr. Collins é motivo de risadas!

Se de um lado temos o Centaury submisso, do outro temos a pessoa que manda. Estou falando, obviamente, da mandona Lady Catherine de Bourgh. Ô mulher difícil, hein?! Para ela, sem dúvidas, eu daria o floral Vine. Vejam a descrição de uma pessoa do tipo Vine: “Gostam de controlar o outro dizendo-lhe o que pode e o que não pode fazer. Em geral, não há espaço para diálogo, debate ou argumento: o que o tipo Vine diz é o que tem que ser.” O engraçado é que a relação Lady Catherine-Mr. Collins não se dá por acaso. O próprio livro fala que “O Centaury gentil e receptivo é com freqüência vítima do tipo Vine”.

Chegamos, agora, ao “nosso” Mr. Darcy. Egoísta? Orgulhoso? Preconceituoso? Pode ser, mas, vamos concordar: ele é mesmo superior, não é mesmo? O problema é que ele transmite ter essa consciência de superioridade. David Vennell descreve um floral que cairia bem ao Mr. Darcy: Water Violet. Pessoas que precisam desse floral “são vistas como orgulhosas e algumas vezes superiores. Não se vêem como orgulhosas, mas com freqüência se sentem superiores aos outros. Olham para baixo, para os que estão à volta, e os vêem como rudes ou ignorantes, considerando-se em um plano mais elevado que elas. (…) Com freqüência são pessoas caladas e ponderadas e não gostam de grandes ajuntamentos, ambientes barulhentos ou festas agitadas. Preferem a própria companhia ou de alguns amigos bem conhecidos e confiáveis.” Parece que esse floral foi inspirado no Mr. Darcy!

Camélias e Orgulho e preconceito

Mas vocês devem estar se perguntando: e para a Elizabeth Bennet? Preciso confessar a vocês que ela foi a “paciente” mais difícil de prescrever um floral. Não é que ela seja perfeita, mas, ao pensar nela, acho difícil pensar em uma única característica negativa. Ela tem os seus defeitos, claro, mas eles, assim como aparecem, desaparecem ao longo da história. É como se ela fosse um equilíbrio perfeito: tem um defeito, mas, quando o reconhece, tem a humildade de se “limpar” dele. Sua busca pela verdade a ajuda a melhorar e a crescer. Tem vivacidade e espontaneidade. Ao mesmo tempo, ela também sabe quando deve falar, quando deve calar, quando deve se defender e quando deve defender os outros. Sabe ser justa e tem algo que, certamente, também a ajuda bastante: bom humor, um dos melhores remédios para qualquer mal. Não sei se é porque eu e todas as leitoras (!) a admiramos muito, que ficamos um pouco cegas aos seus defeitos. Mas, quando fui procurar um único floral para sua personalidade, um que “fosse todo ela”, não achei. Ela poderia, sim, tomar alguns florais, só que para coisas passageiras, que fazem parte da vida. Defeitos que aparecem por estarmos crescendo e amadurecendo, mas que, quando a pessoa está em sintonia com sua personalidade (“com sua alma”, como diria o Dr. Bach), esses defeitos não ficam ali, “alojados” na personalidade do indivíduo, impedindo-o de caminhar pela vida. Isso talvez nos ajude a entender um pouco mais por que Elizabeth Bennet é a heroína da literatura universal!

O interessante de “prescrever” floral para os personagens é que, dessa forma, prestamos mais atenção em suas personalidades e, ao mesmo tempo, fazemos uma auto-análise para descobrir se temos pontos em comum com este ou aquele figurante.

Agora, sou eu que te pergunto: ao ler este texto, você se identificou com algum floral? Acha que tem algo em comum com uma personagem de Orgulho e Preconceito? Se encontrou um ponto negativo na sua própria personalidade, não se desespere. A nossa vantagem com relação aos personagens é que eles ficaram eternizados do jeito que a escritora os deixou no livro. Nós, ao contrário, ainda temos chances de mudar e melhorar!

BIBLIOGRAFIA & NOTA

  • As citações sobre os florais foram retiradas do livro A terapia floral e seus benefícios de David Vennells publicado pela editora Nova Era.
  • As fotos são das camélias vermelhas de nosso jardim (Raquel & Família) e tem um intervalo de de dez dias entre os botões e a floração. Aviso, com pesar, que já começaram a cair…

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10 comentários

  1. Nossa, que texto interessante! Parabéns, Rebeca, gostei muito da análise dos personagens a partir dos florais de Bach, que não conheço muito, mas seu texto nos deu muitas informações a respeito. Só discordo um pouco da sua análise com relação a Elizabeth, pois ela tem um defeito, sim: faz julgamentos precipitados, como ficou confirmado na história de defesa a Wickham.

    1. É verdade, Elaine, isso é um GRANDE defeito. Cometemos tremendas injustiças por julgarmos precipitadamente. Mas, no caso da Lizzy, uns capítulos depois, ela reconheceu o seu erro…Quero acreditar que ela tenha aprendido a lição.

  2. Achei super interessante! Gosto muito desses assuntos sobre florais. Coincidência é que estou elaborando um post sobre “os sais” da Sra. Bennet, os tais que acalmavam os seus nervos… Abçs à Raquel e Rebeca,

    Patrícia

    1. Patrícia,

      hoje vou dar um pulo no seu blog e verei se já está lá o posto. Estou em falta com todos os blogs e sem tempo para ler e comentar.

  3. Não entendo nada sobre florais, mas as descrições bateram perfeitamente com cada personagem. Concordo totalmente com sua opinião sobre a Lydia.
    O único trecho com o qual não concordei 100% foi o da Charlotte, pois achei que ela foi retratada como uma pessoa passiva, o que ela não é mesmo (tanto é que não apenas “aceitou” o pedido do Mr. Collins, ela realmente bolou o plano de se casar com ele e foi atrás pra conseguir. E eu acho que ela é feliz… do jeito dela). Mesmo assim, excelente texto!

      1. Pois é…é interessante o seu ponto de vista sobre a Charlotte. Parei para pensar melhor no que vc disse. Por esse ângulo, ela realmente não é tão passiva. Mas não sei… ainda acho que viver com Mr. Collins é se resignar demais…rsrsrs
        Bjos,
        Rebeca

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