Há uma tradução de Emma da editora portuguesa Europa-América com o título de “Ema” e também uma edição da Romano Torres chamada Fantasias de Ema, ambas grafadas com um eme só.
Aportuguesar os nomes próprios não ocorre somente em Portugal, e aqui peço ajuda para Leticia, pois tivemos um período no Brasil que também fazíamos isto. Uma prova está no meu exemplar de Razão e sentimento (1944, trad. de Dinah Silveira de Queiroz). Notei que Marianne tornou-se Mariana apesar de nomes como John continuaram em inglês. Mas o que me chamou atenção mesmo foi o anúncio de tradução de Emma, foto abaixo.
Assim que li a página fiquei doida por este Ema e procurei por dias a fio. Não encontrei nenhuma referência. Nada. É possível também que tradução tenha sido encomendada e depois cancelada.
Ainda tenho alguma esperança, pois este Razão e sentimento também não foi fácil para comprar. Seria maravilhoso descobrir mais uma tradução de Jane Austen para o português!
Views: 112
Raquel, não saberia dizer a você o que houve com a produção literária dessa época pra fazer tanta conversão. Talvez a Denise saiba.
Por aqui, a produção literária de hoje manda usarmos o consagrado: Londres (em vez de London) e Frankfurt (apesar do horrível Francoforte, usado em Portugal e meio que ensaiado por aqui nessa época a que você se refere).
Senso “nacionalista”, como Portugal tem ao exagero, não sei bem se isso é bom para nomes próprios e não sei se deveríamos algum dia entrar nessa. Tampouco aderir a essa horrorosa mania brasileira de “morreu, simplifica a grafia”.
Eu acharia uma tremenda bobagem se não considerasse a coisa séria. Excetuando-se nomes em outros alfabetos (como o hebraico e o russo, cuja transliteração para o português nunca teve padrão algum), ao solapar por capricho a grafia de um nome você está amputando a história daquela pessoa. Se você imaginar só o contexto da Inquisição, já dá pra ter uma ideia do estrago que as “padronizações editoriais” trazem para consultas futuras.
Getulio Vargas, coitado, virou Getúlio-com-acento (e em um caso mais recente que gerou muitas gargalhadas, “Getulho”). Mário Covas, Mário de Andrade… Por que enfiar um acento, meu Deus? O que tanto incomoda a essa gente nos nomes originais?
Costumo brincar que um dia o presidente bossa-nova será grafado Cubixéque, pro povão entender.
Mas é isso, essa é minha opinião: quanto mais você mexe num nome próprio (mesmo que ficcional), mais vai sepultando sua história, suas origens, sua característica. Péssimo para o futuro.
Leticia,
concordo totalmente com você!
Este “Ema” parece ser mesmo uma raridade. Particularmente eu não me simpatizo muito com traduções que aportuguesam os nomes dos personagens, pois prefiro ler as obras com os exatos nomes que o escritor ou escritora escolheu para suas “criações”.
P.S.: Raquel, aquele meu palpite sobre a cor de “Orgulho e Preconceito” da coleção Grandes Clássicos Abril estava totalmente errado (rsrsrs). Vi nos comentários do post que a cor é areia com detalhes em vinho. Deve ser muito bonito.
Júnior,
não podíamos advinhar, estavam escondidos pelos dois primeiros livros!
Sinceramente eu odeio esse aportuguesamento de nomes próprios, eu odiava ler guerra e paz e o personagem que se chamava Pierre Bezukhov ter virado Pedro. Curiosamente há poucos dias li Ema em algum lugar e achei até que a pessoa tinha escrito errado, não tinha conhecimento dessa tradução portuguesa, mas sinceramente esse título “fantasias de Ema” a fantasia foi mesmo do tradutor, ainda me pergutno de onde tiraram o título “Palácio das ilusões”, os tradutores são realmente criativos.
Nique,
quando é um livro de Portugal não me incomodo, mas se for tradução brasileira não gosto!
Olá a todos!! Li os comentários desse post e gostaria de esclarecer que nem sempre é do tradutor a escolha dos títulos de livros e filmes. Aliás, a maioria das vezes a escolha é puramente comercial por razões sabe-se lá de que. Pode ser por “adaptações” muitas vezes infelizes, estratégias para chamar mais atenção, ou recurso para aproveitar uma modinha, um outro filme de sucesso e por aí vai. Ah, no caso dos filmes, são as distribuidoras quem dão a palavra final sobre o título de um filme – pelo menos os filmes estrangeiros.