As irmãs Dashwood
por Gisele Cano
Na Minha Estante
Passado o entusiasmo inicial ao receber o convite da Raquel para escrever um post em homenagem ao bicentenário de Sense and Sensibility (Razão e sentimento ou Razão e sensibilidade), me peguei pensando: “Meu Deus, sobre o que eu vou falar?” Afinal as obras de Jane Austen são tão ricas e Razão e sensibilidade uma de suas obras mais queridas. Porém, após devida revisão de ambos livro e filme, ficou muito claro que eu deveria falar sobre o que mais gosto nessa obra: a relação entre as irmãs Dashwood.
Acredito que o que mais se fala nas sinopses da obra é que é um livro sobre duas irmãs muito diferentes, sobre a sociedade inglesa do século 19 e como foi uma época difícil para as mulheres sem prestígio ou fortuna conseguirem se casar.
Para mim, acima de tudo, R&S é um livro sobre o amor, o amor de duas irmãs muito diferentes sim, mas que ao final dessa jornada compreendem uma a outra e tiram disso um grande aprendizado: que compreendendo a irmã aprendem mais sobre si mesmas.
Sabemos que Jane narra em suas histórias muito do que presenciou da sociedade de sua época, mas as personagens são tão bem construídas que é quase como se suas “personagens” tivessem realmente existido. É recorrente em suas obras o foco por vezes voltado a relações entre irmãos que, em sua maioria, ela descreve como cheias de amor e preocupação. Exemplos disso são Lizzie e Jane e sua cumplicidade em Orgulho e preconceito, as próprias Ellinor e Marianne em R&S e, claro, como na vida nem tudo são flores, em Persuasão temos Anne e suas duas irmãs muito diferentes entre si, mas igualmente vaidosas e egoístas.
É possível entender como Jane descreve tão bem essas relações uma vez que também teve uma querida irmã que foi Cassandra, acima de tudo uma companheira e confidente leal que esteve ao seu lado em todos os momentos até sua morte. Eu também tenho uma irmã e por isso eu me identifico muitíssimo em especial com a relação de Ellinor e Marianne, tão diferentes mas tão iguais em seu sentimento uma pela outra.
Sempre me emociono quando leio o livro ou vejo o filme porque é uma história muito verdadeira, e hoje já tendo lido e relido, visto e revisto tenho para mim que o centro da história é o amor de uma pela outra, é a relação entre as duas mais que suas relações amorosas. A forma contida de ser de Elinnor, e os sentimentos louca e explicitamente exteriorizados de Marianne são o verdadeiro retrato de como irmãos podem ser tão diferentes.
Sendo assim o que mais gosto do livro são os momentos em que ambas se confrontam quanto ao comportamento da outra e especialmente quando Marianne (no filme interpretada pela talentosíssima Kate Winslet) pressiona Ellinor a falar de seus sentimentos, muitas vezes é tão difícil para um irmão entender o outro, mas o bonito da relação é que é movida pelo amor, só quer o bem e assim aprendemos tanto, Marianne aprende com Ellinor e Ellinor com Marianne, porque é possível ser você mesmo mas agregar um pouco das coisas boas que um irmão tão diferente te traz. Ter um irmão é um presente, eu aprendi e aprendo demais com a minha todos os dias, da mesma forma que Ellinor aprende a importância de dizer o que sente e Marianne reconhece que a vida não é um conto de fadas, mas que pode sim encontrar o verdadeiro amor mesmo que ele não venha montado em um cavalo branco.
Por isso finalizo com uma imagem (acima) da minha cena preferida do filme, quando Margareth narra do alto da casa na árvore o pedido de casamento de Edward, para Marianne e a Sra. Dashwood, que se abraçam e dão pulinhos de felicidade. Não vemos o pedido em si, mas nem sentimos falta, por que a emoção transmitida é palpável e a cena simplesmente adorável.
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Estou com o livro, mas parei de ler pois estou num mês sensível de mais. Muito (até além) a la Marianne.
Adorei o post!
Ai, que orgulho Raquel!
Muito obrigada pelo convite!
bjos
Gisele,
eu é que agradeço tuas participações no Jane Austen em Português!
As irmãs mais queridas e admiráveis da literatura. Ótimo post. Parabéns Gisele!
Júnior,
talvez por estar envolvida demais com Jane Austen, não me ocorrem os outras irmãs literárias…
Gisele, bem lembrada essa cena da casa na árvore. Eu não saberia citar uma cena do Razão sem lembrar de outras duzentas e desistir, porque é um filme extraordinário; mas você tocou numa cena linda e que a gente já está tão feliz no final do filme que aquilo parece o mínimo. Mas é mágico.
Eu sempre me impressiono ao relembrar que esse filme foi digirido por um chinês, mas como Ang Lee é um artista maravilhoso, fronteiras ficam para trás.
Enzo,
essa versão de Razão e sensibilidade, mesmo tendo modificado partes da história é primorosa!
Gi,
Adorei o post, não só por ser sua irmã.
Temos algumas coisas em comum e o amor pelas obras da Jane Austen é uma delas (nos uniu ainda mais).
Beijos
Michele,
seja bem-vinda!
Obrigada Enzo!
É bem verdade o que vc diz, o filme é repleto de cenas adoráveis…mas acho que ela me veio a mente pq aguardarmos o filme todo para ver esse pedido de casamento e no final ele nem é mostrado e ainda assim conseguimos achar que a cena é perfeita, a emoção transmitida pela mãe e irmãs diz tudo.
Com certeza parece bem inusitado ser Ang Lee o diretor, mas se parar pra pensar os filmes dele costumam ter uma sensibilidade singular, tudo a ver com R&S.
Um abraço
Gisele,
esqueci de comentar que também acho essa cena de pedido de casamento, perfeita!
Puxa Raquel, a Gisele tocou em um ponto fundamental: eu sempre senti INVEJA dessa relação tão bacana entre essas irmãs (além da Lizzy e da Jane também). Eu nunca tive uma irmã com quem trocar confidências e sempre vivi em um ambiente muito masculino. Esses dois pares de irmãs (em S&S e P&P) de Jane Austen são realmente tocantes. Como uma dá força à outra! Adoro. Marcia.
Marcia,
creio que as Dashwood são umas das irmãs mais conhecidas da literatura!
Eu sou Elinor e minha irmã, Marianne. Fato.
hehehe
Ela é muito emoção, eu sou mais contida, mas me identifico com as irmãs, pois sou muito próxima da minha também.
Estou lendo Emma agora (só falta Mansfield Park pra completar os seis), e também acho que, apesar de não tão próximas, a relação entre Emma e Isabella é bem amigável.
Para mim Gisele descreveu perfeitamente tudo o que sempre pensei a respeito de SeS
o amor fraternal reina nesta perfeita obra, é fato, e este amor é lindo, pois o carinho o respeito e a confidencia de um irmão é de estrema importância, infelizmente não posso gozar de tal alegria, mas vejo todos os dias minha mãe e minha tia, assim como meu pai e meu tio, em uma grande harmonia!! adorei este Post!!
beijos pessoal!!
Vi o filme e pretendo ler o livro. Também tenho uma irmã, um pouco diferente e um pouco parecida comigo. bjs. Carminha.
irmãs… reclamamos, brigamos, mas no final, elas são realmente suas melhores amigas!!! Tenho uma irmã adolescente e sei muito bem a falta que ela faria na minha vida (e olha que as vezes eu quero que ela suma). Muito bonito o post da Gisele (vi o outro, de quando ela conheceu o Matthew Mcfadyen- que invejinha). Ah, eu tô mais para Elinor e a Alícia, Marianne.
Uma linda homenagem ao livro “R&S” este post da Gisele.
Amor, confiança, amizade e respeito são sentimentos fortes e nobres entre irmãos e sentimos isso ao ler este livro.
Mais uma vez parabéns Gisele!