Nome: Clara Ferreira
Fundadora do Jane Austen Portugal
Cidade: Coimbra – Portugal
Profissão: Estudante de Licenciatura de Direito
Blogues pessoais: Um Minuto de Histórias & A Mulher Sem Consciência
Hobbies: Gosto de ler (embora ultimamente me tenha autolimitado a literatura jurídica), deescrever pequenos contos ou inícios de romances – que nunca acabo! Fazer longos passeios a pé com a minha cadela pelos bosques da pequena aldeia onde vivo, abraçar muito o meu gato Max, que herdei de um irmão meu. Baloiçar horas perdidas na minha rede, por vezes a ler, por vezes a dormir; fazer tartes de maçã, que o meu pai adora ; despender algum tempo com séries como Anatomia de Grey, Sobrenatural ou Nikita.
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Clara, qual sua opinião sobre Sensibilidade e Bom Senso e sobre Orgulho e Preconceito?
Vou falar de ambas em separado.
Sensibilidade e Bom Senso não está na lista das minhas três primeiras obras de Jane Austen preferidas, embora esconda no seu interior a personagem que mais admiro e estimo – Elinor Dashwood. Sensibilidade e Bom Senso não tem o volume aconchegante de uma Emma, não tem a sagacidade de um Orgulho e Preconceito, mas tem o conforto e a solidez de duas grandes personagens – Elinor Dashwood e Coronel Brandon.
Em segundo lugar, conta com o vilão que melhor me cativou e manipulou – John Willoughby, fazendo eu parte do grupo que o perdoou e lamentou o seu egoísmo. Sensibilidade e Bom Senso tem o dom de ligar magistralmente o drama ao mais hilariante humor – tão depressa estamos tristes e melancólicos com a dor de Marianne, como depressa estamos a rir-nos de frases ou expressões vindas de Sir Middleton.
Orgulho e Preconceito é, creio eu, o romance que Jane Austen melhor soube compor. O enredo, os espaços em que as personagens se deslocam, as relações entre elas, … tudo se interliga e tudo faz sentido – não há contradições. Tem brilhantes personagens como Mr. Bennet – a melhor ou das melhores criações de Jane Austen ou Mr. Collins.
Não sou grande fã de Mr. Darcy – ou melhor – do universo de heróis austenianos, tenho pelo menos três que o suplantam – falo obviamente de Mr. Knightley, Mr. Tilney e Cap. Wentworth. Mas admiro a sua constância e a sua evolução ao longo da história, assim como admiro a evolução de Lizzie Bennet – porque a razão para estas duas personagens serem a metade de cada uma reside sobretudo da incrível similitude de caráter – não importa que um seja mais introvertido e outro mais extrovertido – as bases que compõem o caráter de cada um são as mesmas e é por isso que evoluem em simultâneo, aprendendo em conjunto a moldar os seus defeitos.
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Que bela análise. amei.
Gostei muito disto que ela disse: “não importa que um seja mais introvertido e outro mais extrovertido – as bases que compõem o caráter de cada um são as mesmas e é por isso que evoluem em simultâneo, aprendendo em conjunto a moldar os seus defeitos.” Ela tem razão: a essência de Lizzy e Darcy é mesmo parecida!
Bjos,
Rebeca
Rebeca,
eu não havia reparado nessa essência dos dois…
Concordo com ela, o vilão que eu mais gostei foi John Willoughby, não consegui sentir raiva dele… Sim, o dinheiro “falou mais alto” e ele deixou Marianne, mas no fundo ele gostava dela… gosto da parte em que ele aparece inesperadamente na casa da filha de Mrs. Jennings quando Marianne se encontra doente… Eu adoro o personagem de Mr. darcy, mas o meu favorito não é ele e sim o Coronel Brandon!! Por sua mansidão, serenidade apesar de todos os problemas… a sua disposição em ajudar prontamente as pessoas, ele nem conhecia Edward Ferrars e mesmo assim ofereceu a paróquia. Pelo menos é essa a impressão que eu tive quando eu li o livro.
Vanessa,
gosto de Willoughby, mas minha perdição é Henry Crawford…
Clara,
você diz que “não há contradições” em Orgulho e preconceito o que despertou minha curiosidade. Tem algum livro de Jane no qual você encontrou alguma contradição?
Não, de facto nenhum 🙂 Mas nâo era no sentido de comparação com outras obras de Jane que utilizei essa expressão “não há contradições”, era mais no sentido de o romance estar genialmente bem elaborado, o enredo, a histórias, as atitudes das personagens…
Emma, sendo um romance maior, está igualmente muito bem feito, odavia, passa-se sempre no mesmo espaço. O&P tem a virtude de nos fazer viajar por vários cenários.
Clara,
cada vez que leio que a vida de Jane Austen era acanhada e resumida à sua aldeia natal, lembro das viagens de Orgulho e preconceito e me dá a impressão que Jane viajava bastante para os padrões da época.
Gostei muito, é legal ver como cada pessoa tem opiniões diferentes que nos abrem a novas ideias.
Ah, Raquel também tenho uma queda pelo Henry Crawford, eu penso que se Charlotte Bronte teve aquele comentário ácido ao ler Orgulho e Preconceito, imagino ela soltando chispas ao ler Mansfield Park. Pois se Crawford fosse um personagem Bronteniano certamente teria se redimido, após um longo e terrível sofrimento para variar…
Meiri,
é provável que Charlotte redimisse Henry, mas eu o prefiro mau que nem pica-pau!