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“O mundo de Orgulho e Preconceito”
por Marcia Caetano
Na Linha

Um texto literário tem uma particularidade.  Se por um lado, ele ultrapassa o seu tempo e o mundo que o cerca, por outro, está intrinsecamente ligado às circunstâncias que o geraram.  A independência do texto é sempre relativa, pois sem certas informações precisas, sobretudo no que se refere a um romance escrito dois séculos antes do nosso, o alcance do sentido de passagens senão do livro todo pode ficar comprometido.    O bicentenário da publicação de Orgulho e Preconceito – o livro foi publicado em janeiro de 1813 – merece, portanto, um olhar sobre alguns dos aspectos que possibilitaram a sua existência.

Observação importante: usei exclusivamente a edição de Orgulho e Preconceito da Penguin/Cia. das Letras e as análises críticas de Vivien Jones e Tony Tanner contidas nele.

As casas

As casas onde vive a maioria dos personagens de Jane Austen são enormes para nossos padrões.  Em geral, Jane Austen não fornece muita descrição sobre as residências, a não ser nos casos em que, por alguma razão especial, o imóvel se destaca na narrativa.  Esse é o caso de Pemberley, a morada de Darcy em Orgulho e Preconceito, em que a cena da visita de Elizabeth é de fundamental importância na narrativa.  Ali, possivelmente, ela percebeu o poder de Darcy e desejou fazer parte dele.  “Eu podia ser senhora deste lugar” ( V.III, cap. I, p.374), é o que diz a si mesma ao visitar a mansão.

A casa reflete o proprietário, que é um rico herdeiro e descendente de uma antiga família rural, ligada à aristocracia através de parentes nobres.  Como membro desta classe, a riqueza de Darcy é baseada na propriedade de terras e traduzida em termos de uma renda anual.  Já Charles Bingley é herdeiro de uma família que ganhou muito dinheiro no comércio (atividade depreciada diversas vezes no livro, do mesmo modo que a classe das profissões liberais, como a advocacia).  Ele inicia o romance alugando uma propriedade chamada Netherfield, em Hertfordshire (hoje um subúrbio de Londres), na vizinhança onde moram as personagens principais, as irmãs Bennet, embora afirme ao longo da narrativa que pretendia comprar uma residência (e assim, seguir o caminho de ascensão da classe média que enriquece imitando o comportamento dos aristocratas, tornando-se proprietário rural).  Em um trecho, a irmã de Bingley sugere que ele construa uma casa tomando “Pemberley como uma espécie modelo” (OP, Vol I, cap. VIII, p.143).  De fato, é o que Bingley faz após o casamento com Jane, ele compra uma propriedade bem próxima da de Darcy e Elizabeth, em Derbyshire.

Long Gallery, Sudbury Hall, Derbyshire

Sudbury Hall, Derbyshire
As cenas interiores de P&P 1995 de Pemberley foram filmadas em Sudbury
Imagem: © Andreas von Einsiedel

A cena em que Elizabeth Bennet visita Pemberly é crucial no processo de mudança da imagem que ela faz de Darcy no decorrer da narrativa.  Como Tonny Tanner ressalta na Introdução das edições Penguin, tudo na casa reverbera a personalidade do proprietário e, quanto mais Elizabeth se aproxima do interior, melhor é a visão que ela tem de Darcy.  Um detalhe importante é o fato de que há dois retratos de Darcy: um pequeno, no andar de baixo, e outro bem maior, no andar de cima, indicando que quanto mais perto do interior das pessoas, melhor é percepção que temos delas.  Tanner mostra que Jane faz uma analogia entre a precisão do quadro maior e a proximidade com o próprio modelo, que ela encontrará logo a seguir, inesperadamente.

Ficou parada por alguns minutos diante da pintura (de Darcy) em penhorada contemplação e ainda voltou ao quadro antes que saíssem da galeria.  {…} Certamente, neste instante, na mente de Elizabeth, havia mais delicadeza para com o original do que jamais sentira mesmo no auge de sua relação. (OP, Vol III, cap. I, p. 379)

Inclusive, concordo com a interpretação de Tanner sobre a famosa frase de Elizabeth à Jane, situando o momento em que começou a se apaixonar por Darcy na ocasião em que visitou Pemberley pela primeira vez, de que foi ali que ela pode conhecer melhor o caráter de Darcy – e não que ela fosse alguém exclusivamente venal e interessada na riqueza dele, como a frase pode sugerir.

Foi acontecendo de modo tão gradual, mal sei dizer quando começou.  Mas creio que a data precisa seja a primeira vez que vi a sua bela propriedade em Pemberley. (V.III, cap. XVII, p.516)

Outra mansão esplêndida no romance é a residência da tia de Darcy, Lady Catherine De Bourgh, a Rosings Park, em cujo presbitério reside o primo das irmãs Bennet, o sr. Collins e sua esposa, Charlotte.  A mansão é considerada “moderna” no livro, o que significava para Jane Austen que fora construída na segunda metade do século XVIII.  Deirdre Le Faye, no livro Jane Austen – The world of her novels nos informa que o mais provável é que tanto Rosings Park quanto Pemberly fossem pintadas no interior, já que a pintura era um procedimento mais caro na época do que o papel de parede.  Entretanto, a diferença entre as duas residências é observada pela própria Elizabeth, quando visita Pemberley e nota no seu interior que ali “não havia nada de excessivo ou despropositadamente fino; havia menos esplendor, e mais da verdadeira elegância do que na mobília de Rosings” (V.III, cap.I).  O que permite inferir que Rosings Park, como a sua proprietária, exalava luxo e ostentação.

O presbitério em que reside o sr. Collins e esposa é descrito de maneira não muito específica, sabemos apenas que a morada é pequena, mas confortável (possivelmente é do tamanho de uma casa de classe média hoje).  Conta com um pequeno jardim , que recebe uma observação gentil do sr. Darcy na ocasião em que ficou hospedado em Rosings Park com seu primo, o coronel Fitzwilliam, e ambos vão visitar o presbitério, onde está hospedada Elizabeth.

Como Orgulho e Preconceito é narrado a partir do ponto de vista de Elizabeth, não há descrições da casa dos Bennet, porque não faria sentido, já que ela reside ali.  A família mora em Longbourn, no vilarejo homônimo, próximo da cidade imaginária de Meryton.  Segundo Deirdre Le Faye, o senhor Bennet poderia ter um terreno de mil acres, o que no período era considerada a média de um pequeno proprietário rural, como era o caso dele.  As terras produziam duas mil libras por ano e, como ele só teve filhas mulheres, seriam herdadas por um sobrinho, o sr.Collins.  Deirdre faz um levantamento do staff da casa Bennet: a governanta sra. Hill, a cozinheira, duas empregadas, um mordomo e um rapaz de recados que possivelmente age também como valet do sr. Bennet.  A equipe externa consistia em um cocheiro e, por consequência, alguns ajudantes de estábulo, que também eram utilizados na fazenda (fato comentado no livro pelo sr. Bennet).  Também haveria trabalhadores contratados para atuar nos campos e um guarda-caças, pois a senhora Bennet se dirige a Bingley em certa ocasião convidando-o a ir a Longbourn quando tiver matado todas as suas aves, para atirar em quantas quiser na propriedade do senhor Bennet (V. III, cap. XI, pp.472-473).

A casa em si provavelmente é uma pequena propriedade rural, com uma entrada frontal para carruagens e um vestíbulo na entrada que dá para uma sala de café da manhã.  Também no térreo ficam a biblioteca do sr. Bennet, um quarto de desenho e uma ampla sala de jantar apropriada para festas.  No andar de cima, há uma pequena sala de refeições e uma pequenina saleta, de onde as irmãs Bennet podem dar uma espiada no sr. Bingley, na ocasião em que ele visita à casa.  O casal Bennet provavelmente tem quartos separados e Deirdre acredita que cada uma das cinco moças tenha o seu próprio quarto, além de pelo menos mais um quarto de hóspedes, onde o sr. Collins fica hospedado.  Mary provavelmente conta com uma sala separada de música.  Os empregados também precisariam de alojamentos, que geralmente eram situados no porão ou em casas do lado de fora, ou os dois.

A vida das mulheres em Orgulho e Preconceito

No tempo de Orgulho e Preconceito, as filhas de famílias rurais recebiam o mínimo de educação formal antes de sair de casa para casar, o que ocorria, em muitos casos, durante a adolescência (assim é o caso de Marianne Dashwood, por exemplo, de Razão e Sentimento).  A maioria era educada em casa pelos pais ou por governantas e aprendiam trabalhos de costura, noções de matemática, caligrafia, música, desenho, algumas fábulas francesas, a bíblia, Sheakespeare e alguma outra literatura.  Eventualmente, as moças eram enviadas para escolas, para complementar a educação recebida em casa.  As irmãs Bingley, por exemplo, estudaram em uma das melhores escolhas da época.

Já as irmãs Bennet receberam uma educação bastante precária, sem o auxílio de nenhuma governanta ou tutora e de acordo com suas inclinações pessoais.  Há uma discussão interessante sobre o assunto no livro, quando Elizabeth está hospedada em Netherfield, juntamente com Jane que está adoentada.  Nela, Caroline Bingley afirma que, para ser considerada talentosa, uma mulher deve “ter amplo conhecimento de música, do canto, do desenho e das línguas modernas”, ao que o sr. Darcy acrescenta “o aperfeiçoamento de suas qualidades intelectuais por meio de muito leitura”.  Sobre o que Elizabeth conclui, decididamente: “nunca vi uma mulher assim, nunca vi tamanha capacidade, fineza, dedicação e elegância, como você descreve, reunidas em uma só pessoa” (Vol I, cap.VIII, p.144).

A vida dos homens

Os garotos recebiam nesse tempo uma educação bastante limitada, comparando aos nossos padrões.  Eles aprendiam a ler, escrever e recebiam noções de matemática em casa, através dos pais ou de governantas e alguns poderiam ir morar em alguma residência de um tutor pago (função exercida pelo pai de Jane Austen em muitas ocasiões).  O currículo consistia em latim, grego, textos clássicos, noções de geografia e história moderna.  Francês e italiano eram matérias “extras”, assim como caligrafia, dança, desenho e uma miscelânea de outros tópicos.  Em certos casos, os meninos poderiam ser enviados para escolas primárias dos oito aos treze anos, seguidos de cinco anos em uma escola pública e, enfim, a universidade (para alguns).  Deirdre Le Faye considera muito provável que Darcy tenha ido para Cambridge (e não Westminster, onde os personagens considerados maus ou tolos de Jane Austen foram, como Henry Crawford, de Mansfield Park, e Robert Ferrars, de Razão e Sentimento).

Como recreação, entre setembro a abril, os homens do campo geralmente passavam o tempo praticando esportes de caça.  Em Orgulho e Preconceito, parece que Darcy é fã da pesca, já que convida o sr. Gardiner para usar o rio de trutas de Pemberley para pescar e oferece todos os apetrechos necessários para tal.

Como o filho primogênito geralmente era o herdeiro (embora Lady Catherine De Bourgh ressalte que nem sempre as filhas possam ser desprovidas de posses, como é o caso dela própria e da filha – Vol.II, cap. VI, p.285), os mais jovens tinham que seguir profissões.  A carreira eclesiástica, a rigor, não obedecia a nenhuma “vocação” particular, mas era, essencialmente, um emprego como outro qualquer.  Outras profissões desses filhos podem incluir a advocacia (em níveis diversos, dependendo da classe social do indivíduo), o exército ou marinha e, como existe no círculo de Orgulho e Preconceito, o comércio (caso dos tios de Elizabeth, os Gardiner) e outras profissões liberais.  Os trabalhadores manuais e serviçais estão excluídos do meio social frequentado pelas Bennet.  E, por fim, assim como para as mulheres, o casamento também pode ser considerado uma “profissão” para jovens sem fortuna, principalmente aqueles que têm algum nome respeitável ou título de nobreza.  Há uma conversa sobre esse assunto entre Elizabeth e o coronel Fitzwilliam, na ocasião em que ela está hospedada na casa dos Collins.  Ele conta a Lizzy que, como filho caçula de um conde, ele deve “se preparar para o sacrifício e a dependência”, pois “não há muitos em minha posição que possam se permitir casar sem pensar no dinheiro” (V.II, cap. X, pp.306-307).  Ao que Elizabeth pergunta: “Diga-me, quanto costuma custar o caçula de um conde? A não ser que o primogênito seja muito fraco, vocês não devem sair por mais de cinquenta mil” (V.II, cap. X, p. 307).  Vê-se que não eram apenas as mulheres que buscavam a salvação financeira no casamento.

Kedleston Hall and Park

Kedleston, Derbyshire.
A sala de jantar de Rosings Park pode ser imaginada dessa maneira, pois era grande e moderna.
Imagem: © Nadia Mackenzie

A vida social da época

Com empregados se ocupando de todo o trabalho manual, os proprietários de terras e suas famílias podiam passar uma boa parte de seu tempo em atividades recreativas (já que a educação formal de homens e, principalmente, mulheres, terminava bem cedo na vida de um/a jovem).  Entre essas atividades, a principal é a dança, pois era uma das poucas formas de os jovens se conhecerem para se casarem.  Não à toa, há cenas de dança importantíssimas nos livros de Jane Austen e Orgulho e Preconceito conta com alguns dos melhores diálogos entre Elizabeth e Darcy durante tais ocasiões.  O nome country-dance, explica Deirdre, não significa dança camponesa, mas é uma adaptação do francês contre-danse, uma modalidade em que os dançarinos são alinhados frente a frente, homens de um lado e mulheres do outro (Le Faye, p.104).  As danças podiam ser executadas em locais públicos ou, o mais comum no campo, em bailes privados, ou mesmo em pequenas reuniões em que alguma moça provesse o ambiente de música em um piano.  Além desse instrumento, as mulheres também podiam aprender a toca a harpa, o cravo e o violão.  E os rapazes, o violino, a flauta e o violoncelo.  O canto era praticado por ambos.

O teatro também era uma atividade muito exercida e apresentações teatrais amadoras nas residências era um fato corriqueiro.  Havia igualmente um grande número de jogos de mesa, além do baralho e bilhar, para os homens.

E, por fim, em um âmbito bastante relevante, estavam os livros.  Os romances tinham a mesma importância de entretenimento que hoje se dá às novelas e séries televisivas e nem todos consideravam uma atividade louvável a leitura deles (esse definitivamente não é o caso de Elizabeth Bennet, que adorava ler, e de Darcy, que continuava a acrescentar livros à biblioteca enorme que herdou).  Havia também a leitura de jornais e revistas femininas, alguns muito populares na época.

A escrita era também uma ocupação importante do cotidiano das pessoas.  Era comum separar uma hora do dia para escrever longas cartas ou diários pessoais.  O desenho, a pintura e os trabalhos de bordado e costura preenchiam bastante o tempo das mulheres.

O relacionamento entre homens e mulheres é muito formal e mesmo casais se tratam pelo nome de família, pelo menos em público – esse é o caso do senhor e da senhora Bennet.  Rapazes e moças em idade de se casar não podiam trocar correspondências, como demonstra o caso de Jane Bennet, que não pode escrever à Bingley, informando que chegou à Londres, mas apenas às suas irmãs.  Nesse sentido, a carta de Darcy se explicando à Elizabeth pode ser considerada uma exceção, justificada pela ofensa que o falso julgamento dela infligiu a ele.

Há inúmeros outros detalhes sobre o universo de Orgulho e Preconceito, muito úteis para uma compreensão mais abrangente do texto, mas que não caberiam detalhar aqui.  O que eu posso concluir é com um conselho aos leitores: embora seja muito útil ler o livro em PDF (eu mesma o reli pela milésima vez no meu celular) ou em outro formato eletrônico, nada como uma boa edição com notas explicativas e introduções esclarecedoras.  Uma visão verdadeiramente crítica – como a–própria Jane Austen nos ensina em seu livro – jamais pode seguir apenas os critérios das “primeiras impressões” (título original do livro), mas deve surgir da comparação com outros pontos de vista, com informações acessórias e tudo o mais que possa contribuir para o nosso melhor entendimento.

Cumberland House

Cumberland House, Hertfodshire, serve como um modelo comparativo a Longbourn,
a residência dos Bennet, segundo Deirdre Le Faye. Imagem: © Frank Warner

BIBLIOGRAFIA

  • AUSTEN, Jane, Orgulho e Preconceito, Peguin/Cia. das Letras, trad.Alexandre B de Souza. São Paulo, 2011.
  • Prefácio e notas Viven Jones, Introdução de Tony Tanner.
  • AUSTEN, Jane.  Letters of Jane Austen, vol.I. Cambridge University Press, Cambridge, 2009.
  • LE FAYE, Deirdre.  Jane Austen – The world of her novels.  Frances Lincoln, Londres, 2003.

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11 comentários

  1. Márcia,

    a compra de uma casa própria estilosa para imitar os mais abastados é tão atual… E depois ainda pergunta como Jane resiste ao tempo! Pelo menos Bingley podia imitar Pemberley que tinha mais do que estilo, tinha história e elegância. Hoje é aquilo que sabe!

    “Mas creio que a data precisa seja a primeira vez que vi a sua bela propriedade em Pemberley.” Adoro essa frase. Elizabeth nesse momento conhece o homem inteligente com quem está conversando e sabe que a ironia será tomada como tal.

    É muito engraçado acharem que somente as mulheres estavam a procura de dinheiro no matrimônio pois temos vários em Jane Austen: Wickham, Willoughby, John Dashwood, Mr. Elton e o próprio Mr. Tilney que se dependesse do pai também procuraria uma herdeira.

    Dos divertimentos da época, a leitura, me parece a mais agradável de todas e que mesmo com toda correria moderna, de uma forma ou de outra ainda cultivamos.

    Mais uma vez muito obrigada pela sua participação nas comemorações do Bicentenário de Orgulho e preconceito, abs, raquel

    1. Rachel, isso que você falou dos “caça-dotes” do sexo masculino é um ponto interessante, eu não tinha parado pra pensar nisso. O maior representante dos interesseiros pra mim é o Mr. Elliot, que trocou as boas relações com a família por um casamento com uma moça de posição inferior, mas com um dote gordo.

      1. Pat,

        Marcia colocou este ponto que não nos damos conta e você acrescentou mais um caça-dotes. E diga-se, Mr. Elliot nem precisaria pois era o herdeiro de Kellinch e teria casado facilmente com Elizabeth Elliot.

    1. Patrícia,

      o artigo da Marcia está ótimo e tocou em vários pontos muito interessantes de Orgulho e preconceito.

  2. Que maravilha de texto, hein?!
    Tudo, até as ilustrações, abrem janelas e entra ar novo nas lembranças que tenho do livro.
    Em especial isso aqui:

    “Rapazes e moças em idade de se casar não podiam trocar correspondências, como demonstra o caso de Jane Bennet, que não pode escrever à Bingley, informando que chegou à Londres, mas apenas às suas irmãs.”

    Achei que essas trocas entre Jane e a irmã de Bingley eram por uma (suposta) afinidade, mas eram o comportamento adequado da época!
    E isso me faz relembrar de Marianne Dashwood, e as cartas que ela mandou pro Willoughby quando esteve em Londres.

    bjones!

    1. Enzo,

      sim, muito bom! As belas casas inglesas são de fazer qualquer um sonhar.

      Não era fácil tentar namorar naquela época, ainda mais tendo um futura cunhada que era um cobra venenosa!

  3. Texto riquíssimo! Essa explicação da contre-danse foi mencionada no filme Becoming Jane.
    E essa questão da troca de cartas me fez entender um pouco melhor porque os Morland faziam “vista grossa” à troca de cartas entre a Catherine e o Mr. Tilney (eu achava que era só pelo fato do pai dele não autorizar o relacionamento).

    1. Pat,

      dessa forma temos a medida de como os pais de Catherine eram liberais e visto pelo nossos olhos modernos, amorosos também!

  4. Também vale a pena lembrar(além da época em que foi escrito), ao ler Jane Austen, que ela possui uma escrita bem irônica e que de certa forma seus personagem são idealizados. Como o fato de Elizabeth ser tão inteligente, critica, de expressar suas opiniões de forma tão segura e de recusar dois pedidos de casamento (coisas que para uma mulher da época não eram tão normais) ou do Sr. Darcy ao amar a “impertinência” dela além de ser rico, bonito, aparentemente sem maus hábitos ou excessos. Até seu dito “orgulho” está mais para “recato” o que nem é tão ruim assim. Ele é perfeitamente idealizado.

    1. Caroline,

      a literatura sempre tende a exacerbar as características dos personagens e a dramaticidade da situações para que fiquemos mais interessados na história. E com a ironia de Jane Austen fazem o par perfeito!

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