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Jane Austen e a Índia certamente tem ligações, não só pelo comércio entre os dois países, mas também familiares. Philadelphia Austen, irmã do reverendo George Austen, pai de Jane, casou-se e morou na Índia.

O relacionamento da Inglaterra com a Índia começou em 1600 com o comércio (para mais detalhes vejam Companhia Britânica das Índias Orientais) que a partir de 1858 passou a governar o país. No filme “O último Vice-Rei”, mostra o final do domínio britânico, em 1947, com a entrega para os indianos de seu país e ao mesmo tempo parte do território é cedido aos muçulmanos para formação do Paquistão. A migração dos muçulmanos para o norte (Paquistão) e a dos hindus e sikhs para o sul (Índia) foi uma das grandes tragédias do século 20 pela falta de organização e consequente violência de ambas as partes.

Não só o país foi dividido mas seus bens de todos os tipos, sendo um percentual menor (não me recordo o número exato) para o Paquistão. Neste ponto, no filme, começa a partilha de talheres a livros, foi quando apareceu Jane Austen!

A senhora que determinava a divisão começa dizendo que o O morro dos ventos uivantes iria para o Paquistão, nesse momento desconfie que não morria de amores pelas irmãs Bröntes… Mas logo a seguir percebi que me equivocara, pois ela completou dizendo que Jane Eyre ficaria na Índia, e foi categórica quanto a Jane Austen, todos seus livros ficariam também! Não sei se na vida real essa partilha dos romances, como mostrada no filme existiu, mas ficou um lindo  momento para nós, Janeites.

E antes que me esqueça minha opinião sobre o filme como uma todo: gostei pois tudo relacionado com história me fascina e destaco a atuação de Gillian Anderson no papel de Lady Mountbatten, esposa do vice-rei interpretado por Hugh Bonneville, nosso conhecido por Mansfield Park, Lost in Austen e Jane Austen Regrets.

Sobre a Índia e o Império Britânico já escrevi sobre uma série que também menciona Jane Austen: Jane Austen e o whisky Old Sporran.

 

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3 comentários

  1. que legal encontrar isso aqui, Raquel!
    esse ano descobri um livro que me deixou muito interessado no tema: “Remnants of a Separation: A History of the Partition through Material Memory”, da Aanchal Malhotra. São uns 20 capítulos/ensaios, cada um destinado a um objeto que alguém conseguiu levar embora consigo durante a Partição da Índia. Porém o livro ainda está a preço de ouro por aí. Pelo visto há vários livros em inglês com memórias e relatos sobre esse momento de terror, mas a maioria é publicado na Índia e o preço enlouquece (tradução no Brasil, então, nem pensar).

    ps: no momento do lendo “As Irmãs Makioka”, do japonês Junichiro Tanizaki, e tenho sentido um q de Austen! Não só na busca da família pelo casamento da terceira filha, seguindo todos os protocolos e surpresas da vida, mas quando o autor diz que um personagem estudara no colégio X… isso me lembrou quando a Austen diz que alguém é do condado X em “Orgulho e Preconceito”. (eu amo e odeio essa coisa do X: sim, se é irrelevante a coisa, coloca X mesmo… mas já que é ficção, por que criar esse rasgo no texto e não inventar um nome qualquer? Mas por que inventar um nome qualquer se é irrelevante? rsrs)

    bjones!

    1. Saudades de você, criatura!
      Então, esse negócio do X nunca entendi direito… será que o autor estava contando algo do condado X e que se nomeasse o dito cujo condado algum leitor poderia processá-lo por ser uma história verdadeira?
      Acho que nunca li nada de autores japoneses. Falha grave.
      Sobre a Índia fiz outro post, também sobre uma série antiga, The Jewel in the Crown (1984), com Charles Dance, novinho de fazer gosto. Que também menciona Austen. Link: https://www.janeausten.com.br/jane-austen-e-whisky-old-sporran/ Comprei o livro da série sem saber que era um tijolo pois agregava 4 livros. Não dá para ler deitada e mesmo sentada preciso de um apoio. Só fiz a pesquisa.
      Eu estou lendo, desta vez em português, Howards End, que amo! E como estamos falando de E M Forster ele também escreveu sobre a Índia: Passagem para Índia, que também encomendei, uma edição de 81 da Nova Fronteira.

      Não me fale em preço de ouro. Não dá mais para importar nada.
      beijocas

  2. é verdade, essa coisa do X pode ser para se preservar!
    faz pouco tempo que comecei a ler os japoneses. O Japão se abriu para mim com o livro “Os mil outonos de Jacob de Zoet”, do inglês David Mitchell (que morou no Japão por muito tempo). Um romance histórico muito singular, que abandonei na primeira tentativa e anos depois me apaixonei. Agora eu to gostando até de Haruki Murakami — autor que nunca entendi como podia fazer tanto sucesso, mas agora eu sei, ele é um mágico moderno.
    Meu deus, tijolos… Esse que você falou me deu até medo. Agora olhei para a minha estante e vi “Os Luminares”, da Eleanor Catton, um monstro de 800 páginas que abandonei um tempo atrás. Acho que virou série também.
    “Howards End” é maravilhoso, reli imediatamente depois de ler, no começo da década passada. Tentei logo em seguida “Passagem para Índia” e não gostei, lembro que abandonei, me parecia outro escritor. Talvez hoje eu gostasse!

    tão legal saber que você continua firme e forte por aqui, Raquel

    bjones!

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