web analytics

J. B. PriestleyJ. B. Priestley, autor inglês de romances e peças de teatro, como muitos autores também tinha suas opiniões sobre Jane Austen que podem ser lidas no livro de ensaios sobre Jane Austen, editado por Susanah Carson¹. No trecho abaixo Priestley menciona o uso da ironia e da comédia usada por Austen para descrever seu meio social.

[…] a sociedade que ela descreveu tão minuciosamente era a época da Regência, um período que parte foi no século dezoito e parte no dezenove, que tinha suas próprias características. Foi uma época quando o rígido sistema de classes sociais na Inglaterra do início do século dezoito estava ruindo, especialmente no centro, entre a classe dominante dos ricos e influentes aristocratas proprietários de terras e a classe trabalhadora. Agora quando você tem uma sistema de classes mais ou menos rígido, com todo mundo mais ou menos fixado em um nível social ou outro, há muito pouco esnobismo, somente porque as pessoas sabem exatamente onde elas estão e não adianta fingir. É precisamente quando o sistema está ruindo, sem desaparecer completamente, quando há muito mais esnobismo, mais pretensão de importância social e grandeza. Portanto não é surpreendente  que os romances de Jane Austen, um membro da classe média durante o período, deveria ser, entre outras coisas, comédias de esnobismo, pretensões sociais e preconceitos.

Ele era grande admirador de Elizabeth Bennet. Arrisco dizer, apaixonado por ela!

Ela é, em minha opinião, uma das mais encantadoras das garotas dentre todo o grande espectro da ficção inglesa. Por estranho que pareça – pois nunca associamos Jane Austen com Shakespeare² – Elizabeth tem muito em comum com heroínas  de Shakespeare, não com as ultrarromânticas Julieta, Dêsdemona e Ofélia mas com as heroínas das comédias , como Rosalinda, Viola e Beatrice. Igual a elas – e diferentes  de quase todas as heroínas de ficção e drama entre Shakespeare e Jane Austen – ela é  vivaz e sensível, prática e afetuosa, bem humorada e independente. Ela é uma garota de verdade, com personalidade, uma pessoa com vontade própria, em vez de uma linda boneca que tantos escritores românticos trouxeram à luz em suas ficções.³

J. B. Priestley também disse que a autora inglesa Dorothy Whipple (1893-1966) teria sido a Jane Austen do século vinte. Mas este é o assunto do próximo post. Aguardem!

NOTAS

¹ A Truth Universally Acknowledged : 33 Great Writers on Why We Read Jane Austen, por Susannah Carson no Book Depository
² Não sei quando exatamente J. B.  Priestley escreveu esta nota, mas nos dias atuais há comparações de personagens de Austen e Shakespeare.
³ Fonte de ambas citações: Pressrun.net

Visits: 221

Artigos recomendados

4 comentários

  1. Pôxa Raquel, que texto interessante! Fiquei encantada com a admiração do autor pelo trabalho de Jane, especialmente havendo tanto preconceito com autoras mulheres, muito bom perceber que um autor soube reconhecer a qualidade do trabalho dela.

    1. Gisele,
      Jane Austen foi primeiro reconhecida pelos intelectuais como ótima escritora e só depois de um tempo passou para o público em geral, principalmente as mulheres e aí que parece que o publico masculino resolveu, sem ler é claro, que era leitura de mulher, romance e casamento! E como sabemos ela é muito mais do que romance.

  2. Que interessante!!! Gostei principalmente da comparação da Elizabeth com Rosalinda, Viola e Beatrice, elas são as minhas protagonistas favoritas de Shakespeare.

    1. Aline,
      eu já escrevi sobre Beatrice e Elizabeth (Muito barulho por tudo), mas sobre Rosalinda e Viola, mea culpa, não sei nada pois até hoje não As You Like It e Twelfth Night, mea maxima culpa.

Deixe uma resposta