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O Museu Jane Austen, em Chawton, está fazendo uma campanha para receber doações de modo que possa adquirir o original de uma carta escrita por Cassandra, irmã de Jane Austen. A carta que foi escrita logo após a morte da autora, e endereçada para a sobrinha Fanny Knight, está atualmente à mostra no museu mas na condição de empréstimo.

O museu já conseguiu £ 30,000 com o Heritage Lottery Fund’s Collecting Cultures para compra mas precisa ainda de £ 10.000, que terá que ser de doações particulares.

Quem quiser contribuir poderá acessar a página JustGiving Cassandra’s Letter. As doações podem ser tão modestas como 5 libras apenas.

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Traduzi a carta para que vocês possam apreciar e ver como era profunda a amizade das irmãs Austen, Cassandra e Jane.

29 de julho de 1817
Chawton, terça-feira

Minha queridíssima Fanny,

acabei de ler sua carta pela terceira vez e agradeço sinceramente por cada gentileza para comigo, e ainda mais calorosamente por seus louvores a ela que acredito era mais conhecida por você do que qualquer outro ser humano além de mim. Nada desse tipo poderia ter sido mais gratificante para mim do que a maneira pela qual você escreve sobre ela, e se o querido Anjo pode saber o que se passa aqui, e não estiver acima dos sentimentos deste mundo, ela talvez possa receber com prazer o fato de ser tão pranteada. Tivesse sido ela a sobrevivente posso imaginá-la falando sobre você quase nos mesmos termos. Há certamente muitos pontos fortes de semelhança em suas personalidades; na intimidade entre vocês, e na forte e mútua afeição vocês eram idênticas.

Quinta-feira não foi um dia tão terrível como você imaginou. Havia tantas coisas necessárias a fazer que não houve tempo para infelicidade adicional. Tudo foi conduzido com a maior tranquilidade, e exceto que eu estava determinada que veria até o final, portanto estava na escuta, eu não deveria ter sabido quando eles saíram de casa. Assisti o pequeno cortejo, do comprimento da rua, passar; e quando desapareceu de minha vista eu a tinha perdido para sempre, mesmo nesse momento eu não fiquei subjugada, nem muito agitada como estou agora em escrever isto. Nunca houve um ser humano mais sinceramente pranteado, por aqueles que atenderam seu velório, do que foi esta querida criatura. Possa a tristeza com que ela partiu com da terra ser um prognóstico da alegria com a qual ela será saudada no céu!

Eu continuo toleravelmente bem, muito melhor do que se poderia supor possível, porque certamente tenho tido um cansaço considerável no corpo como também uma angustia mental faz meses; mas estou realmente bem e espero estar devidamente agradecida ao Todo-Poderoso por ter sido apoiada. Sua avó, também, está muito melhor do que quando cheguei em casa.

Não acho que seu querido papai pareça indisposto e creio que ele me parece muito mais confortável depois de seu retorno de Winchester do que antes. Não preciso dizer para você que ele foi um grande conforto para mim; de fato, eu nunca poderei dizer o suficiente da bondade que recebi dele e de todos outros amigos.

Eu tenho saído e me ocupado. É claro que essas ocupações se adequam melhor quando me deixam livre para pensar nela, a quem perdi, e realmente penso nela na mais variadas circunstâncias. Em nossas horas felizes de conversas confidenciais, nas animadas festas familiares que ela tanto adornava, em seu quarto de doente, em seu leito de morte, e (espero) como habitante dos céus. Ah, se eu puder um dia me reunir a ela lá! Sei que virá o tempo em que minha mente não ficará tão absorvida dela, mas eu não gosto de pensar sobre isso. Se penso nela menos na terra, que Deus garanta que eu nunca cesse de refletir sobre ela como uma habitante do céu, e nunca cesse meus humildes esforços (quando isto for do agrado de Deus) de juntar me a ela.

Olhando uns poucos e preciosos papeis os quais são agora minha propriedade, achei alguns memorandos, entre os quais ela quer que uma de suas correntes de ouro seja dada a sua afilhada Louisa, e uma mecha de seus cabelo seja destinada a você. Você não necessita de nenhuma garantia, minha querida Fanny, de que cada pedido de sua amada tia será sagrado para mim. Assim sendo me diga se você prefere um broche ou anel. Deus abençoe você, minha querida Fanny.

Acredite-me, mais carinhosamente sua,
Cass. Elizth. Austen

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14 comentários

  1. Nossa ,que carta mais linda . Chorei com os relatos do que ocoreeu no funeral da Jane. Que amor profundo de irmã ela tinha ,espero que o museu consiga.

    1. Ludmilla,
      quando ela escreve “quando desapareceu de minha vista eu a tinha perdido para sempre” não há como não se emocionar.

  2. Enchi os olhosd e lágrimas. Que carta linda! Que linda amizade entre as irmãs. Jane é tão íntima de nós que não há como não se emocionar.

  3. A maravilha dessa carta é que ela traduz os sentimentos de muitos outros que também sofreram perdas. Comovente, sem perder um dia de atualidade, apesar de ter sido escrita há quase duzentos anos.

  4. Raquel, não tive como não chorar!
    Que criaturas bondosas eram essas irmãs!
    Hoje parece não haver relacionamentos tão belos! Quanta sinceridade nos sentimentos!
    E a escrita dela é tão bela quanto a da irmã! Acho que escrever era um dom familiar dos Austen!
    Tomara possam comprar!

  5. Raquel chorei aqui! Que carta linda! Eu comprei um livro das trocas de cartas delas mas sonho com o lançamento em português também, o que eu comprei é enorme e pesado não me animei a ler ainda. Obrigada por compartilhar.

    1. Daniele,
      se mais tempo eu tivesse traduziria mais algumas, mas… Livro pesado, estou lendo um depois de ver a série The Jewel in the Crown. E o pior, agora só tenho tempo de ler de noite, quando me deito. Quando terminar de ler vou fazer um post pois tem uma pequena ligação com Jane e daí verás o tamanho do dito cujo. Estou me sentindo o Grigg do Jane Austen Club!

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