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Faleceu no dia 14 de janeiro aos 69 anos o ator Alan Rickman. Foi informado apenas que estava sofrendo com câncer e mesmo amigos não sabiam da gravidade de sua doença. Alan era um gentleman e saiu de cena tão discreto quanto um de seus personagens mais admirados pelos fãs de Jane Austen: o Coronel Brandon de Razão e sensibilidade.

Alan Rickman fez o papel do Coronel Brandon na versão de 1995 de Razão e sensibilidade, dirigida por Ang Lee com roteiro de Emma Thompson que também interpretou o papel de Elinor Dashwood. E por esse motivo me propus a rever o filme e ler o diário de filmagem de Emma que era grande amiga do ator. Do diário destaquei alguns comentário sobre Alan:

Alan Rickman mandou uma quantidade imensa de chocolates para animar o pessoal. [Nas filmagens do baile em Londres]

A interpretação de Alan  foi muito tocante. Ele representou tão bem tipos maquiavélicos que é emocionante vê-lo expor a extraordinária doçura de seu caráter. Presença triste, vulnerável, mas marcante. Brandon é, suponho, o verdadeiro herói dessa peça, mas tem de avolumar-se diante do público, como se avoluma diante de Marianne. [Primeira aparição de Brandon no filme, chegando em Barton Park]

A história de Brandon, Eliza e Beth é como um livro barato de contos policiais, mas Alan consegue dar a ela a profundidade da dor –[…] [Brandon contando para Elinor sobre seu primeiro amor, Eliza]

Pensei em fazer uma galeria das cenas com Brandon, mas são tantas imagens que o post ficaria muito pesado e portanto escolhi uma cena que acho linda e simples: o Coronel Brandon entrega um lindo buquê de flores para Marianne que convalesce de sua queda. Quando ele se vai embora cruza com Willoughbye carregando alguma coisa escondida nas costas, se cumprimentam e cada um continua seu caminho. Mas o coronel não resiste a tentação, olha para trás e vê o buque de flores silvestres que Willoughby carrega. Nesse momento as esperanças do Coronel Brandon começam a derreter…

Coronel Brandon e flores

Coronel Brandon e flores

Coronel Brandon e flores

Alan Rickman desempenhou vários papéis brilhantemente, dentre eles o mais conhecido, pelo menos da nova geração, o professor Severo Snape na série Harry Potter. Preciso confessar que meu papel preferido foi o de xerife de Nottingham, talvez por ser a primeira vez que o vi atuar.

Outro papel que fiquei encantada foi Éamon de Valera, político irlandês, no filme Michael Collins, que ele fez logo depois de Razão e sensibilidade e que o diretor Neil Jordan menciona como “Sua recriação da imagem de De Valera, sua voz e sua postura, tudo foi inquietante e completamente impecável.” Tanto foi assim que lembro de ter lido na época que uma cena na qual Alan faz um discurso de De Valera, em praça pública com centenas de figurantes que deviam aplaudir ruidosamente, todos ficaram em silêncio tamanha a emoção e tiveram que refazer a cena!

E para finalizar vejo no IMDb que seu último trabalho foi dar voz – a sua bela voz – ao personagem Blue Carterpillar, no filme Alice através do espelho.

Alan Rickman, 21 February 1946 – 14 January 2016. Requiescat in pace.

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12 comentários

  1. A primeira vez que vi Alan Rickman atuando foi no filme Quase Deuses (Something the Lord Made, 2004). Eu fiquei encantada! Depois de assistir à versão de 1995 de Razão e Sensibilidade, passei a amar o Coronel Brandon intensamente pela atuação do Alan. Ele era realmente brilhante!
    Amei a cena que você escolheu, Raquel!

  2. Lindo texto Raquel! O primeiro personagem que lembro de te-li visto interpretar também foi o xerife de Nottinghan, desde então sou uma grande fã.
    Fiquei curiosa sobre seu personagem em Michael Collins, que não vi, vou procurar.

  3. O primeiro filme que assisti com Alan Rickam foi Duro de Matar e já me apaixonei por ele. Linda homenagem.

    1. Cleidiane,
      não lembro dele nesse filme… A gente vê tantos filmes que acaba esquecendo alguns.

  4. Alan ficou marcado em mim como Coronel Brandon. E pelos depoimentos dados pelos atores que conviveram com ele, dá para perceber que foi um grande homem. Bela homenagem e bela cena escolhida do filme.

  5. Raquel, me lebmrei a dias que o primeiro filme que vi com o Alan foi Duro de Matar 1….na época que eu ainda via este tipo de filme 🙁
    De qualquer maneira, depois tive o grande prazer de ve-lo em Michael Collins ( que eu venero) e depois em tive a honra de ve-lo em R&S, onde teve uma atuação magistral. Por não assistir a HP não o vi atuar neste filme.
    Sua profundidade como ator era emocionante e tenho certeza que era uma dessas pessoas marcantes e muito especiais, haja visto tantas homenagens feitas a ele.
    Que encontre seu descanso eterno ou retorne em outra vida, para iluminar outras gerações!

    1. Isladi,
      que bom saber que você gosta de Michel Collins. Quando vistei Dublin, fiquei tanto tempo olhando a máscara mortuária dele que acho que os guardas do museu já estavam desconfiados.

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