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Este comentário (abaixo), de Kazuo Ishiguro sobre Mansfield Park de Jane Austen, encontra-se nas notas do escritor sobre autores que ele tem em grande consideração e que estarão em breve todas disponíveis no site Harry Ransom Center da Universidade do Texas.

“Este livro, embora muito cativante e envolvente, parece-me não ser da mesma ordem que Emma e Persuasão. É um livro mais cru em sua perspectiva moral e, na verdade, tem algo extremamente desinteressante e sem compaixão. Claro que você tem que ver essas coisas em termos do clima moral vigente. Mas quando você coloca este livro ao lado da generosidade de espírito dos personagens exibidos nos outros dois romances, e a disposição de questionar os costumes da sociedade da época, M. Park tem de ser visto como decepcionante “.

“This book, while very engrossing and involving, seems to me to not be of the same order as Emma and Persuasion. It’s a cruder book in its moral outlook, and indeed, has something extremely unattractive and lacking in compassion. Of course you have to see these things in terms of the prevailing moral climate. But when you put this book alongside the generosity of spirit for individuals displayed in the other two novels, and the willingness to question the mores of prevailing society, M. Park has to be seen as disappointing.”

Como podemos ver não são poucos os que não se encantam com Mansfield Park e a pequena Fanny Price, mas é claro que sendo fino e elegante, Mr. Ishiguro, coloca sua opinião da forma mais delicada possível.

Eu entendi o fato dele achar desinteressante, é a opinião dele e pelo que sei Mansfield Park sempre teve seus desafetos,  mas não entendi o “sem compaixão” tanto que mantenho o texto original para vocês compararem com minha tradução/interpretação.  Ficarei aqui martelando esta dúvida por um bom tempo e aguardando a opinião de vocês.

Já mencionei Ishiguro aqui no blog, autor de Vestígios do dia, um dos seus livros mais conhecidos e no momento estou preparando outro post com suas opiniões sobre Jane Austen.

FONTE: Kazuo Ishiguro’s “Notes on some GREAT WRITERS”, por Jennifer Tisdale

MansfieldPark, em alemão, editora Anaconda

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9 comentários

  1. Para mim, é interessante ver a opinião de outras pessoas que tenham, digamos, menor parcialidade ao se tratar de Jane Austen. Isso porque eu confesso que leio tudo dela com tanta admiração, que consigo apenas caracterizar uma ou outra obra como “menos preferida”, não ruim. Estou lendo agora a biografia da Jane feita pela Catherine Reef e tenho estas sensações de estranhamento quando ela recupera as reações da crítica à publicação de cada livro. Ela conta que Mansfield Park foi recebido como uma narrativa mais dura, menos agradável. Convenhamos, difícil competir com Razão e Sensibilidade e Orgulho e Preconceito, já publicados. Estou com muita vontade de reler Mansfield Park porque só agora estou acompanhando a websérie From Mansfield With Love. É brilhante e me dá vontade de consultar o original todo o tempo. Principalmente em relação ao comportamento de Henry Crawford, que é tão mais complexo do que eu lembrava. Enfim, fico também sem entender o “sem compaixão”, hahahah

    1. Thaís,
      ainda não tive tempo para ver a série From Mansfield with Love. Confesso também que não tenho muita paciência para séries e pela estridência das atuações… mas certamente assistirei um dia pois não resisto a Henry Crawford! Ótima lembrança, vou indicar na Gazeta de Meryton de hoje.

  2. Eu li recentemente Mansfield Park e gostei muito apesar de ter lido muitas criticas negativas, principalmente sobre a Fanny. Eu acredito que ela é diferente das outras protagonistas da Jane, a situação de vida dela não é muito promissora. Ela vive com os Bertran graças a “bondade” da tia, essa mesma tia a humilha e faz questão de demonstrar que ela é inferior . A Fanny não podia expor os seus pensamentos, não podia conversar sobre os assuntos que mais gostava, tinha medo do tio e era tímida naturalmente. Somente com Edmund que ela era ela mesma, uma garota inteligente, altiva e de forte moral. Achei o romance muito bom, assim como adorei Emma, Orgulho e Preconceito .. todas as obras.

    1. Sabrina,
      com o passar do tempo aqui no blog, e lá se vão oito anos, tenho encontrado muitas fãs de Mansfield Park e da pequena Fanny!

  3. Considero MP um romance mais cru e melancólico perto dos outros, ele não tem a leveza de O&P ou os demais livros. Ele mostra o lado real da situação das moças daquela época,especialmente uma sem fortuna e ligações com pessoas ricas.
    Acho que por isso ele não é muito popular entre alguns fãs rs.

    1. Fernanda,
      você me conhece de longa data e sabe que tenho uma queda por Henry Crawford, mas acho que nunca falei que gosto muito da bruaca da tia Norris, acho-a um personagem muito bem construído!

  4. Sim Raquel,sabia da sua queda pelo Crawford rs. Me admiro de encontrar alguém que goste da bruxa Norris ,mesmo ela sendo,como vocé disse ,bem construída ela não deixa de ser terrível rs. 🙂

  5. Me acabava com as tiradas da tia Norris. Tb não entendo a que a “falta de compaixão” se refere.
    Fanny não teria mesmo como ser tão forte como outras personagens, devido a sua condição ainda mais sendo subjugada sobretudo pela tia Norris. Acaba por ser meio gata borralheira, mas ainda assim guerreira por tudo que teve que resistir.

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