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Anthony Trollope, um dos grandes escritores ingleses do período Vitoriano e com vasta obra, de pequenas histórias, peças e número considerável de romances, era também admirador de Jane Austen. Eu já conhecia sua admiração pela autora e ontem encontrei esse testemunho no Facebook, trecho de uma palestra feita por Anthony Trollope em 1870  e resolvi finalmente traduzir antes de compartilhar:

Miss Austen era, certamente, uma grande romancista. O que ela fez, ela fez perfeitamente. Seu trabalho, na medida em que se desenrola, é impecável. Ela escreveu sobre o tempo em que viveu, sobre a classe de pessoas com as quais era relacionada, e numa linguagem habitual para ela como uma moça bem educada. De romance, o que geralmente dizemos quando falamos de romance -. ela não tinha matiz. Heróis e heroínas com aventuras maravilhosas não há nenhum em seus romances. Grande criminosos e crimes ocultos, ela não nos diz nada. Mas ela nos coloca em um círculo de cavalheiros e damas, e nos encanta enquanto ela nos conta com uma precisão inconsciente como os homens devem agir com as mulheres, e como as mulheres devem agir com os homens. Não que seus personagens sejam todos bons; – e, certamente eles não são todos ajuizados. Os defeitos de alguns são a bigorna na qual as virtudes dos outros são marteladas até que brilhem como o aço. Na comédia de tolices eu não conheço escritor que a supere. As cartas de Mr. Collins, o clérigo de Orgulho e preconceito, levaria ao riso um arcebispo do baixo clero.

Detalhe: fiquei na dúvida ao traduzir comedy of folly como “comédia de tolices”, pensei em comédia de erros, mas também não me pareceu adequada. Alguém saberia dizer se tem alguma tradução consagrada para esse tipo de comédia?

FONTE: Facebook Página Anthony Trollope
IMAGEM: Wikiquote

Anthony Trollope

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13 comentários

  1. querida Raquel

    Achei que “Coméda de Tolices” exprime exatamente o que é! Falta de bom senso!
    Segundo li, Shakespeare também costumava usar esse termo! Almas gêmeas?
    Parece que sim!
    bjs

    1. Felícia,
      a palavra “folly” sempre me confunde, me parece folia, false friend, é claro. E também “fantasioso”… Meu Cambridge traz como primeiro sinônimo, “stupidity” e foi aí me levou a tolice. Mas às vezes tem um termo consagrado, ainda mais nessa área de artes, por isso minha pergunta.
      Você tem razão, dear old Shake ia adorar Jane!

  2. Concordo com comédia de tolices…rsrs
    Alguém sabe se tem obras de Trollope já traduzidas para o português? Pode ser em e-books.
    Só sei que a Pedra Azul está em processo de tradução de uma obra dele…mas ele tem várias obras…

    1. Cris,
      as únicas obra de Trollope que tenho conhecimento que foram traduzida no Brasil são:
      O Guardião e As torres de Barchester lançados pela Ediouro há bastante tempo e você consegue em sebos. De resto é esperar pela Pedrazul.
      um abraço

  3. acho que poderia ser comedia de costumes… como se diz por aqui. em terras brasilis… 🙂 mas caiu bem o comedia de tolices.
    sigo acompanhando seu blog delicioso mesmo sem comentarios.
    abração.

    1. Nadja,
      também cogitei comédia de costumes, em inglês é comedy of manners, que é uma sátira às classes sociais ou comportamentos individuais. Mas todos os exemplos eram de peças cômicas na sua totalidade e no caso de Jane são uns fatos esparsos na sua obra. Claro que tudo que eu disse até agora é minha opinião, baseada naquela intuição quando lemos um texto, do que conhecimento técnico de gêneros de comédias. Seja bem-vinda no Jane Austen em Português!

    1. Daniele,
      veja as traduções de Trollope que indiquei para Cris (comentário acima) e boa leitura!

  4. Raquel, é tão legal quando você coloca a opinião de outros autores sobre Austen.
    (criei coragem e abri um blog novo, onde pretendo colocar mais memórias de leitura, mas também alguma leitura recente. Segue o endereço no espaço pra link)

    bjones

    1. Enzo,
      que bom! Ando em falta com você e todos meus leitores, mas esperemos a primavera que sempre me anima! beijocas mils, meu querido

  5. Ou seja, disse que ela não passava de uma escritora prosaica e que escrevia sobre fofocas de sua classe social.

    1. Marcelo,
      ele a elogiou justamente por ser diferente de outros autores de romances, sua escrita não se parecia com nada ou ninguém de sua época. Ela descreveu o cotidiano e somente o que conhecia, com maestria. Talvez minha tradução de comédia de tolices tenha dado uma ideia errada do texto de Trollope. Estou terminando de ler Miss Mackenzie dele e já encontrei inspirações na obra de Jane Austen. Escreverei um post sobre o assunto, mais adiante.

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